O magnífico épico com que Alexander Zeldin conta a história da mãe
Após peças de realismo social, o dramaturgo inglês conta a história de uma mulher que atravessa o século XX. The Confessions, hoje e amanhã, no CCB, é “um filho a tentar compreender a sua mãe”.
A mãe de Alexander Zeldin não se chama Alice. Alice é o nome da personagem baseada na vida da mãe do dramaturgo inglês, uma mulher nascida na Austrália, em 1943, emigrada para Inglaterra já adulta, livre e divorciada, e que, em palco, atravessa o século XX. The Confessions é um enorme fresco contado numas quantas cenas que Zeldin escreveu – tentando fazer uma pintura de cada uma – , retratando o percurso de uma mulher que começa por ser empurrada pela mãe para uma vida de esposa, que se deixa convencer de que os estudos superiores estão acima das suas possibilidades, que se vai resignando e aceitando um guião que outros escreveram para si, negando-se qualquer ambição pessoal e profissional enquanto se mantém presa a um casamento desenxabido, mortiço, pouco desafiante. É uma mulher que aceita a mediocridade que lhe é apresentada como único futuro possível, enquanto vê a sua melhor amiga partir para a Europa, viajar, adentrar o meio artístico e intelectual, coleccionar experiências a que Alice não tem direito.
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