Cientistas descobrem novos factores genéticos para risco de obesidade

Equipa de cientistas do Reino Unidos utilizou dados de mais de 500 mil pessoas para identificar variantes em dois genes que aumentam o risco de obesidade em adultos.

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As variantes genéticas agora descobertas parecem ter um papel só nos adultos Finbarr O'Reilly/Reuters
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Os investigadores acreditam ter descoberto um novo mecanismo biológico para a obesidade, apontando para variantes raras em dois genes que aumentam drasticamente o risco de ter excesso de peso.

Uma investigação publicada na revista Nature Genetics, nesta quinta-feira, aponta para variantes que aumentam em seis vezes a probabilidade de se ser obeso. Ao contrário de outras variantes conhecidas que afectam o aumento de peso nas crianças, estas variantes genéticas parecem desempenhar um papel só nos adultos.

Desvendar os mecanismos da obesidade poderá ajudar os cientistas a desenvolver novos medicamentos, ou a adaptar os já existentes, para uma doença que afecta actualmente uma em cada oito pessoas. Pela primeira vez, os doentes podem agora tomar medicamentos altamente eficazes para perderem o peso indesejado. A revolução, liderada pelos fabricantes de medicamentos Novo Nordisk e Eli Lilly, abriu um mercado que poderá ultrapassar os 100 mil milhões de dólares em todo o mundo até 2030.

Utilizando dados de mais de 500 mil pessoas, cientistas do Conselho de Investigação Médica [MRC, na sigla em inglês] na Universidade de Cambridge descobriram variantes em dois genes, chamados BSN e APBA1, que aumentam o risco de obesidade em adultos.

Diabetes e fígado gordo

As variantes do BSN, também conhecido como Bassoon, foram ainda associadas a um risco acrescido de diabetes e de doença do fígado gordo. As variantes deste gene afectam cerca de um em cada 6500 adultos, segundo os investigadores.

A hipótese é que, à medida que as pessoas que têm estas variantes genéticas envelhecem, os neurónios no cérebro começam a degenerar, removendo "alguns dos circuitos-chave dentro do cérebro que controlam a ingestão de alimentos e, portanto, acabamos por ter obesidade", disse Giles Yeo, um dos autores do estudo e professor da Unidade de Doenças Metabólicas do MRC.

Segundo Giles ​Yeo, as variantes do BSN poderão um dia ajudar as empresas farmacêuticas a desenvolver medicamentos preventivos. A questão seria: "Será que podemos abrandar o processo ou até impedir que aconteça, para evitar que mais pessoas acabem por sofrer de obesidade, sobretudo na idade adulta."

Os investigadores utilizaram a base de dados do Biobanco do Reino Unido e trabalharam com a empresa AstraZeneca para verificar se as suas conclusões se aplicavam para além das pessoas de ascendência europeia, utilizando dados do Paquistão e do México.

A AstraZeneca é um dos mais recentes fabricantes de medicamentos a juntar-se à corrida da obesidade, tendo fechado um acordo no ano passado para comprar um comprimido experimental que ainda se encontra na fase inicial de testes. Com Naomi Kresge

Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post

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