Brilhante Dias diz que PS será “oposição” ao Governo e Pizarro que cabe a Montenegro encontrar “soluções”

Pedro Nuno Santos quebra o silêncio e responde esta tarde ao primeiro-ministro, que pediu ao PS que garanta à AD condições para governar.

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Eurico Brilhante Dias ao lado do secretário-geral do PS Daniel Rocha
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A resposta do PS ao novo primeiro-ministro foi dada pelo ainda líder da bancada parlamentar socialista, na manhã desta quarta-feira, à TSF. Depois de Luís Montenegro ter pressionado o PS no sentido de garantir que a AD tem condições para completar a legislatura, Eurico Brilhante Dias sublinha que o lugar dos socialistas é de oposição. Já o ex-ministro Manuel Pizarro considera que as palavras de Montenegro foram "até um pouco ofensivas". Líder socialista reage na tarde desta quarta-feira.

"O PS é oposição política e programática a este Governo. Já o disse várias vezes, disse-o na noite eleitoral e já o disse depois, no Parlamento. Luís Montenegro não tem – e sabe que não tem – uma maioria social para implementar um programa que foi sufragado por pouco mais de 50 mil votos do que o programa eleitoral do Partido Socialista. Não tem uma maioria no Parlamento, mas, mais do que isso, não tem uma maioria na sociedade portuguesa e é com alguma humildade que deve olhar para as oposições, em vez de querer empurrar para as oposições a obrigação de garantir governabilidade, que é a primeira obrigação de um chefe de governo. Luís Montenegro ontem o que fez é autenticamente um cheque em branco", declarou.

Depois de acusar o novo primeiro-ministro de empurrar para os socialistas a responsabilidade de criar condições de governabilidade, Eurico Brilhante Dias observou que Montenegro anunciou que quer ouvir todos os partidos para que se chegue a um consenso sobre medidas de combate à corrupção. E sobre isto, o líder parlamentar disse que o partido não vai deixar que o novo Governo crie a ideia de que nada foi feito em relação a este assunto.

"Não nascemos de novo para este problema. Temos um histórico de trabalho quer enquanto Governo, quer nos recursos disponibilizados à Polícia Judiciária. Por isso, esse é um tema caro para o próprio Partido Socialista e temos história e património na luta contra a corrupção. Para nós, esse assunto não é novo, e naturalmente que teremos as nossas propostas na Assembleia da República, que podemos revisitar”, afirmou, sustentando que “o PS está sempre na liderança do combate à corrupção.”

Também o ex-ministro da Saúde, Manuel Pizarro, questionou o desafio deixado por Luís Montenegro ao secretário-geral do PS.

“As palavras do primeiro-ministro são um pouco ofensivas, sobretudo quando nós estamos na semana imediatamente a seguir à instalação da Assembleia da República que só foi possível porque o PS se comportou – como sempre aconteceu na democracia – como uma força responsável. Se o PS não se tivesse comportado como uma força de elevado sentido de responsabilidade, não tinha sido possível eleger o presidente da Assembleia da República”, afirmou o ex-ministro, em declarações ao PÚBLICO.

Eleito de novo deputado pelo círculo do Porto, Manuel Pizarro lembra ao chefe do executivo que “quem tem obrigação de procurar soluções de estabilidade governativa é o primeiro-ministro.” “Essa tarefa não pode ser tarefa da oposição”, reforçou.

Já sobre o silêncio até agora mantido pelo secretário-geral do PS, diz que cabe a Pedro Nuno Santos “escolher os momentos em se dirige ao país, ninguém escolhe por ele.” E acrescenta: “O PS tem uma total autonomia estratégica e o secretário-geral do partido escolhe os momentos em que fala ao país."

Entretanto, o PS anunciou que o secretário-geral vai fazer uma declaração na tarde desta quarta-feira, na sede nacional do partido, sendo expectável que Pedro Nuno Santos responda ao desafio deixado na véspera pelo primeiro-ministro.

Pedro Nuno Santos não esteve presente na sessão de tomada de posse do Governo, que decorreu esta terça-feira no Palácio da Ajuda, fazendo-se representar por Alexandra Leitão. Não é conhecida a razão que levou o secretário-geral socialista a estar ausente.

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