Identificadas proteínas na urina que podem facilitar o diagnóstico de autismo
Estudo brasileiro detectou alterações na quantidade de algumas proteínas e aminoácidos, como glicina, leucina, ácido aspártico e tirosina, nas amostras das crianças com o transtorno.
Um grupo de investigadores do Instituto Butantan do Brasil identificou uma série de proteínas e aminoácidos que podem facilitar o diagnóstico do autismo em amostras de urina.
"Se antigamente não se falava tanto sobre autismo como hoje, não significa que ele não estava lá. O transtorno sempre existiu, mas com o avanço das tecnologias, ele tem sido detectado cada vez mais cedo. Esses estudos vêm para complementar as formas de diagnóstico e acompanhamento clínico", explicou Ivo Lebrun, investigador do Instituto Butantan.
Os potenciais biomarcadores podem "auxiliar no desenvolvimento de métodos complementares de diagnóstico e acompanhamento da evolução do quadro" de pessoas com transtorno do espectro autista, indicou o organismo científico.
Os resultados da investigação foram publicados na última edição da revista científica Biomarkers Journal, coincidindo com as comemorações do Dia Mundial da Consciencialização do Autismo.
Os cientistas brasileiros descobriram diferenças nas concentrações de proteínas e de aminoácidos em amostras de urina de pessoas com autismo e de pessoas sem autismo, segundo o instituto científico, que está ligado ao Governo do estado brasileiro de São Paulo.
A coordenadora do estudo, Nádia Isaac da Silva, comparou amostras de urina de 22 crianças entre três e dez anos diagnosticadas com transtorno do espectro autista com as de crianças sem o transtorno.
O estudo detectou alterações na quantidade de algumas proteínas e aminoácidos, como glicina, leucina, ácido aspártico e tirosina, nas amostras das crianças com o transtorno.
"Os níveis anormais de proteínas e aminoácidos podem estar relacionados a vários sinais observados em pessoas com transtorno do espectro autista", disse o Instituto Butantan em comunicado.
Dada a complexidade do diagnóstico e do tratamento do autismo, foram desenvolvidas várias abordagens sobre o distúrbio, incluindo a criação de bancos de dados de amostras de sangue e de sequências genéticas.
Estes estudos visam, entre outras coisas, identificar novos genes associados ao autismo e biomarcadores para caracterizar o autismo. A descoberta de possíveis biomarcadores na urina, no entanto, pode facilitar o diagnóstico, já que as amostras podem ser recolhidas em casa pelos pais ou cuidadores de pessoas com autismo, destacou o Instituto Butantan.