Inflação desce na Alemanha e dá argumentos para corte rápido dos juros na zona euro

Inflação na maior economia da zona euro caiu de 2,7% para 2,3% em Março. Resultado foi conseguido graças essencialmente à diminuição dos preços da energia.

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Loja em Berlim: preços estão a abrandar na Alemanha FABRIZIO BENSCH
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A inflação na Alemanha surpreendeu em Março com uma descida mais forte do que o previsto, dando, em conjunto com os indicadores que mostram a dificuldade da indústria europeia em recuperar, mais força às expectativas de que o Banco Central Europeu (BCE) pode em breve começar a baixar as taxas de juro.

No final da última reunião do conselho de governadores do BCE, realizada a 8 de Março, a presidente da instituição fez questão de passar a mensagem de que os dados económicos a divulgar nas semanas seguintes seriam cruciais para a decisão de cortar ou não as taxas de juro directoras nas reuniões seguintes, uma marcada para 11 de Abril e a outra para 6 de Junho.

“Precisamos claramente de mais provas, mais dados e sabemos que esses dados chegarão durante os próximos meses. Vamos saber um pouco mais em Abril, mas iremos saber muito mais em Junho”, disse então Christine Lagarde.

Ao segundo dia de Abril, os dados que chegaram parecem contribuir para que a decisão do BCE possa vir a ser, na reunião deste mês ou na de Junho, a de retirar as taxas de juro do nível recorde em que se encontram desde o passado mês de Setembro.

Esta terça-feira, ficou a saber-se que, em Março, a inflação na maior economia da zona euro registou uma descida maior do que aquilo que era esperado pela generalidade dos economistas. A taxa de inflação homóloga harmonizada da Alemanha caiu de 2,7% em Fevereiro para 2,3% em Março, ficando assim ao nível mais baixo desde Junho de 2021.

Em Portugal, a taxa de inflação homóloga subiu em Março de 2,1% para 2,3%, sendo que a harmonizada, que usa a metodologia acordada a nível europeu, subiu de 2,3% para 2,6%.

Face ao peso que a Alemanha assume na economia da zona euro, os dados agora conhecidos tornam mais provável que a inflação na zona euro (cuja primeira estimativa será dada a conhecer esta quarta-feira pelo Eurostat) tenha também apresentado uma trajectória descendente em Março, o que, a confirmar-se, contraria a previsão média de uma manutenção da inflação homóloga europeia em 2,6% feita recentemente por um grupo de analistas inquirido pela agência Reuters.

Os responsáveis do BCE têm estado divididos em relação à rapidez com que devem começar a moderar a sua luta contra a inflação, baixando as taxas de juro. Aqueles que temem que as taxas de juro altas possam atirar a economia para uma recessão defendem que os cortes comecem o mais rapidamente possível. Já os que estão ainda preocupados com a persistência das pressões inflacionistas defendem que é preciso esperar para ver como evoluem alguns dados económicos, nomeadamente os relacionados com a evolução dos salários.

Neste momento, a maior parte das previsões aponta para que a primeira descida das taxas de juro seja feita na reunião de 6 de Junho, mas não se pode excluir ainda que ela ocorra mais cedo, ou mais tarde.

A queda da taxa de inflação na Alemanha conhecida esta terça-feira dá argumentos a quem defende uma descida dos juros mais rápida, principalmente quando essa informação é conjugada com a relativa ao comportamento dos indicadores PMI de actividade na indústria em Março na Alemanha e em França, que, ficou também esta terça-feira a saber-se, se mantiveram abaixo dos 50 pontos, apontando para a persistência de uma contracção.

No entanto, ao olhar com mais detalhe para os números da inflação alemã, também se encontram argumentos que podem ser usados pelos responsáveis do BCE com menos pressa para descer taxas de juro. A descida da inflação em Março na Alemanha deveu-se, em larga medida, à evolução favorável dos preços da energia, algo que é notório no comportamento evidenciado pela inflação subjacente que registou apenas uma ligeira descida de 3,4% para 3,3%.

Todos estes números e outros que ainda serão divulgados nos próximos dias estarão no centro do debate que os membros do conselho de governadores do BCE (entre os quais do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno) terão no próximo dia 11 em Frankfurt. Dessa reunião poderá sair ou uma descida da taxa de juro de depósito dos 4% em que se encontra ou, o que é mais provável, sinais mais fortes de Christine Lagarde de que a descida é para acontecer na reunião de Junho.

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