Desenvolvida nova classe de antibióticos eficazes contra bactérias multirresistentes

Equipa de cientistas mostrou em ratinhos que uma nova classe de antibióticos é altamente activa contra bactérias resistentes a antibióticos.

Foto
Ilustração da bactéria Pseudomonas aeruginosa, uma das bactérias que o novo antibiótico ataca DR
Ouça este artigo
00:00
02:23

Um consórcio multinacional desenvolveu, e testou com sucesso em ratinhos, uma nova classe de antibióticos com capacidade de curar infecções causadas por bactérias multirresistentes.

A nova classe de antibióticos é descrita num artigo científica na última edição da revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

A investigação foi realizada com o apoio do projecto europeu ENABLE, liderado pela Universidade de Uppsala (Suécia) e pela empresa farmacêutica GlaxoSmithKline, que juntamente com mais de 50 parceiros europeus da academia e da indústria, combinam recursos e conhecimentos para avançar no desenvolvimento de antibióticos contra bactérias multirresistentes.

Os antibióticos são a base da medicina moderna e, ao longo do último século, melhoraram dramaticamente a vida das pessoas em todo o mundo. Os seres humanos dependem deles para tratar ou prevenir infecções bacterianas, para reduzir o risco de infecção em tratamentos de cancro, em intervenções cirúrgicas invasivas, em transplantes e em mães e bebés prematuros, entre muitos outros usos.

No entanto, o aumento global da resistência aos antibióticos ameaça cada vez mais a sua eficácia. Para garantir o acesso a antibióticos eficazes no futuro, é urgente encontrar novos compostos.

O consórcio desenvolveu um novo tipo de antibióticos que têm como alvo a proteína LpxH, que as bactérias Gram-negativas utilizam para gerar a membrana externa que as protege do ambiente e também de alguns antibióticos como a penicilina. Entre estas bactérias incluem-se a Escherichia coli, a Klebsiella pneumoniae, a Pseudomonas aeruginosa e a Acinetobacter baumannii.

Nem todas as bactérias produzem esta camada, mas aquelas que o fazem incluem os organismos que a Organização Mundial da Saúde (OMS) identificou como os mais críticos para o desenvolvimento de novos tratamentos, incluindo Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae, que são resistentes aos antibióticos disponíveis.

A equipa mostrou que esta nova classe de antibióticos é altamente activa contra bactérias multirresistentes e conseguiu tratar infecções da corrente sanguínea em ratinhos, demonstrando o seu potencial.

Como esta classe de compostos é completamente nova e a proteína LpxH ainda não foi explorada como alvo para antibióticos, não existe resistência pré-existente a esta classe de compostos, destacam os cientistas. No entanto, a equipa advertiu que, embora os resultados actuais sejam muito promissores, ainda será necessário um trabalho adicional considerável antes de estes compostos estarem prontos para ensaios clínicos em seres humanos.