Procuradoria Europeia investiga negócio de vacinas entre Comissão e Pfizer

Segundo o Politico, os procuradores procuram indícios de crimes nas mensagens de texto trocadas entre Ursula von der Leyen e o director executivo da gigante farmacêutica em 2021.

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Ursula von der Leyen durante uma visita à fábrica da Pfizer em Puurs, na Bélgica, em 2021 ohn Thys /Pool via REUTERS
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A Procuradoria Europeia está a investigar alegadas infracções criminais relacionadas com as negociações para a aquisição de vacinas contra a covid-19 entre a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o director executivo da Pfizer, Alberto Bourla, durante o pico da pandemia.

Segundo o site Politico, que consultou documentos jurídicos e cita um porta-voz do gabinete do procurador de Liège, os alegados crimes sob investigação são “interferência em funções públicas, eliminação de mensagens de texto, corrupção e conflito de interesses”.

A investigação foi originalmente aberta pelas autoridades judiciais belgas na cidade de Liège no início de 2023, após uma queixa-crime apresentada pelo lobista local Frédéric Baldan, a que depois se juntaram os governos da Hungria e da Polónia. Esta última acabou por retirar a queixa quando o governo pró-União Europeia liderado por Donald Tusk tomou posse, após a vitória nas eleições legislativas de Outubro de 2023.

O caso, que ficou conhecido como “Pfizergate”, centra-se nas alegadas trocas de mensagens de texto entre Von der Leyen e Bourla durante as negociações para a aquisição de vacinas pela UE, levantando questões sobre transparência e responsabilidade. Surge também numa altura delicada, em que a líder da Comissão Europeia se encontra em plena campanha para as eleições europeias de Junho como spitzenkandidat do Partido Popular Europeu e candidata a um segundo mandato no Berlaymont.

O acordo entre a Comissão Europeia e a Pfizer para a aquisição de vacinas para a covid-19, com um valor estimado de 20 mil milhões de euros, foi negociado no auge da pandemia, em 2021 e considerado como uma grande vitória para Von der Leyen. O contrato acabou por ser renegociado no final do ano passado, altura em que o Politico noticiou a existência de pelo menos quatro mil milhões de euros em doses desperdiçadas.

Até à data, a Comissão Europeia recusou-se a revelar o conteúdo das mensagens de texto entre Ursula von Der Leyen e Alberto Bourla, ou sequer a confirmar a sua existência. A troca de SMS foi inicialmente noticiada pelo New York Times em Abril de 2021.

Numa peça intitulada “Como a Europa selou um acordo de vacinas com a Pfizer através de mensagens de texto e telefonemas”, o jornal norte-americano dava conta das conversas entre Von der Leyen e Bourla que levaram ao acordo entre a multinacional farmacêutica sediada nos EUA e a Comissão Europeia para o fornecimento de 1,8 mil milhões de doses de vacinas.

Perante a recusa quer da Comissão Europeia, quer da própria Von der Leyen em revelar as alegadas mensagens, o NY Times interpôs um processo contra a Comissão a exigir o acesso ao conteúdo das SMS. A 7 de Março último, quando questionada sobre o caso, Ursula von der Leyen respondeu: “Tudo o que é necessário saber em relação ao assunto já foi dito e partilhado. Vamos aguardar pelos resultados.”

A entrada em cena da Procuradoria Europeia poderá levar a avanços no caso. O órgão de investigação da UE está mandatado a conduzir inquéritos pan-europeus a crimes financeiros e pode, em teoria, apreender telefones e outros materiais que considere relevantes nos gabinetes da Comissão Europeia ou noutros países da Europa, como a Alemanha, país natal de Ursula von der Leyen.

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