Preço do ouro bate novo recorde

Investidores continuam a procurar activo “refúgio” para precaver descida dos juros nos Estados Unidos.

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Na China, o ouro é uma alternativa ao investimento imobiliário Ricardo Lopes
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A expectativa de que a Reserva Federal norte-americana (Fed) vá descer as taxas de juro de referência em Junho levou o preço do ouro a atingir um novo máximo histórico. O valor por onça (31,10 gramas) atingiu os 2.265,80 dólares (o equivalente a 2.099,28 euros à cotação actual) nesta segunda-feira.

Depois de ter deixado os juros inalterados na reunião de Março, acredita-se agora que o banco central norte-americano vá mexer no preço do dinheiro em Junho, o que tem estado a levar os investidores a apostar num activo que é tido como um refúgio face a outros denominados em dólares.

Na sexta-feira passada, apesar de os preços no consumidor terem subido 0,3% em Fevereiro, colocando a taxa anual em 2,5%, o presidente da Fed, Jerome Powell, afirmou que os valores da inflação estão agora "mais alinhados" com aqueles que são os objectivos da entidade monetária dos Estados Unidos da América (EUA).

Ainda assim, o dólar também subiu nesta segunda-feira (estava a valer 0,9310167 euros) depois de os dados do Institute for Supply Management (ISM) terem revelado que a produção industrial subiu em Março pela primeira vez em ano e meio (primeiro aumento desde Setembro de 2022), registando-se ainda um aumento do número de encomendas.

A Reuters destaca que foi o período mais longo de contracção da actividade industrial, que representa 10,4% da economia norte-americana, desde o período de Agosto de 2000 a Janeiro de 2002.

Depois de terem subido acentuadamente entre 2022 e 2023 para conter a inflação, as taxas de juro da Fed estabilizaram no final do Verão passado e, embora mantenham uma posição cautelosa, alguns responsáveis do banco central têm sinalizado que poderá haver pelo menos dois cortes de 0,25 pontos percentuais até final deste ano.

Num comunicado divulgado em Janeiro, quando anunciou que manteria os juros inalterados, a Fed alertou que “as perspectivas económicas são incertas e o comité [de política monetária] continua muito atento aos riscos de inflação”.

Só quando houver “maior confiança de que a inflação está a evoluir de forma sustentável para 2%” é que haverá descida de juros, sinalizou a Fed.

A antecipação da redução de taxas norte-americanas (que se encontram num intervalo entre 5,25% e 5,5%) não será, no entanto, a única razão que explica a valorização do ouro.

Em declarações à CNBC, Caesar Bryan, gestor de portefólio da casa de investimentos Gabelli Funds explicou que, na China, “os investidores privados têm sido atraídos pelo ouro devido ao mau desempenho do sector imobiliário” e do mercado accionista.

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