Rússia acusa Ucrânia de terrorismo e exige entrega de supostos implicados em atentado

Moscovo quer a detenção do chefe dos Serviços de Segurança ucranianos e insiste na ligação de Kiev ao atentado terrorista de 22 de Março.

Foto
Memorial às vítimas do atentado de 22 de Março em Moscovo Reuters/Alexander Ermochenko
Ouça este artigo
00:00
03:07

A Rússia responsabilizou este domingo a Ucrânia pelo atentado terrorista de 22 de Março em Moscovo, entre outros ataques, e exigiu a Kiev a detenção e a entrega do chefe dos Serviços de Segurança (SBU) e de outros supostos implicados.

De acordo com um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, citado pela agência espanhola EFE, Moscovo "entregou às autoridades da Ucrânia a exigência, no marco da convenção dos atentados terroristas cometidos com bombas e da convenção sobre o financiamento do terrorismo, a detenção e a entrega imediata de todas as pessoas implicadas nos atentados".

"Na lista das exigências está a detenção do chefe do SBU, Vassili Maliuk, que reconheceu cinicamente em 25 de Março a implicação da Ucrânia na explosão da ponte da Crimeia em Outubro de 2022 e revelou detalhes dos preparativos de outros atentados terroristas na Rússia", indicou a diplomacia russa.

O SBU reagiu à declaração russa, afirmando que as exigências de Moscovo "soam particularmente cínicas vindas do próprio Estado terrorista" e contrapondo o mandado de captura contra Vladimir Putin emitido pelo Tribunal Penal Internacional, relacionado com a transferência de crianças ucranianas para a Rússia: "O tribunal de Haia está à espera dele."

Na mesma nota informativa, Moscovo afirmou que o atentado de 22 de Março à sala de concertos Crocus City Hall, nos arredores da capital russa, que causou 144 mortos, "não é o primeiro ataque terrorista" contra a Federação Russa "nos últimos tempos", e assinalou que as investigações apontam para um envolvimento da Ucrânia.

O ministério liderado por Serguei Lavrov recordou outros ataques com explosivos no território russo, como os que mataram a jornalista Daria Dugina e o blogger Vladen Tatarski, e feriram com gravidade o escritor Yevgeni Prilepin e o seu motorista.

Moscovo indicou ainda a morte de cinco pessoas durante a explosão na ponte da Crimeia, os 42 feridos na explosão em São Petersburgo que matou Tatarski e as vítimas das incursões fronteiriças do Corpo de Voluntários Russos, organização que combate do lado ucraniano.

"A luta contra o terrorismo internacional é uma responsabilidade de todos os Estados. A Rússia exige ao regime de Kiev o cessar imediato de qualquer apoio a acções terroristas, a entrega dos culpados e a reparação de danos às vítimas", acrescentou o ministério.

Para a diplomacia russa, "o incumprimento, por parte da Ucrânia, dos seus compromissos relativamente às convenções antiterroristas levará a uma responsabilidade penal internacional".

De acordo com os últimos dados oficiais, o atentado na sala de concertos Crocus City Hall, a 20 quilómetros do centro de Moscovo, causou também mais de 150 feridos.

O Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB, sucessor do soviético KGB) deteve 11 pessoas presumivelmente implicadas no atentado, entre os quais quatro terroristas que participaram directamente no ataque.

Os suspeitos do ataque, que ofereceram resistência, foram detidos numa estrada na região de Briansk, que faz fronteira com a Ucrânia, para onde presumivelmente pretendiam escapar.

A Rússia admitiu que o atentado nos arredores de Moscovo foi perpetrado por islamistas, mas insiste na "pista ucraniana" e afirma ter provas do financiamento dos terroristas por parte de Kiev. O atentado foi reivindicado pelo Daesh.