Ataque em Moscovo: com quase cem desaparecidos, balanço de vítimas pode subir

Na lista oficial de vítimas, há 140 mortos e 182 feridos. Mas ainda há pessoas à procura de familiares e amigos.

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Pelo menos 140 pessoas morreram no atentado Maxim Shemetov/Reuters
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Listas compiladas pelos serviços de emergência russos sugerem que o número de mortos e feridos do atentado de sexta-feira em Moscovo, no Crocus City Hall, pode ser bem maior. Oficialmente, morreram 140 pessoas e há 182 feridos. Mas segundo uma agência noticiosa russa, há 95 nomes de pessoas “com quem os familiares não conseguiram entrar em contacto desde o ataque terrorista, mas que não constam das listas de feridos e mortos”.

"Algumas dessas pessoas morreram, mas ainda não foram identificadas”, revelou o canal de Telegram Baza, que a Reuters diz ter bons contactos nos serviços de segurança e na polícia russa.

Seis dias depois de quatro homens armados com Kalashnikov terem disparado contra centenas de pessoas que esperavam pelo início de um concerto, num ataque reivindicado pelo Daesh-Khorasan, ainda há pessoas a pedir ajuda para encontrar familiares e amigos nas redes sociais russas, escreve a agência internacional.

É num fórum da aplicação Telegram chamado "Crocus. Centro de Ajuda" que se partilham os nomes dos espectadores desaparecidos e se pede ou oferece ajuda. "Havia alguém na lista chamado Igor Valentinovich Klimenchenko?", escreveu um utilizador no sábado à noite. "Alguém pode enviar a lista das vítimas?” Este nome não estava na lista de mortos publicada pelo Ministério das Emergências da Rússia. "Estou muito preocupado", escreveu na mesma altura o sobrinho de um homem que trabalhava perto da sala de espectáculos nos arredores de Moscovo.

Na quarta-feira, os media locais de Bryansk, cidade a sudoeste da capital russa, davam conta de uma mulher que continua à procura do filho, Dmitry Bashlykov, um professor de Moscovo que foi ao concerto da popular banca russa Picnic com um amigo que conseguiu escapar.

Os investigadores disseram, entretanto, que receberam 143 relatos de pessoas que estão desaparecidas, acrescentando que já foram identificadas 84 vítimas, sem ser claro se estas incluem os nomes que constam do registo oficial.

Muitas das vítimas terão morrido por inalarem fumo, depois de os atacantes incendiarem o edifício, o que fez o tecto cair. Com o incêndio e o colapso do tecto, há muitas vítimas irreconhecíveis. “Em muitos casos, só restam fragmentos dos corpos”, disse um membro dos serviços de emergência ao serviço de Telegram 112, citado pelo diário The Guardian.

Apesar da reivindicação do Daesh-Khorasan, um ramo do Daesh que terá surgido na Síria antes de se fortalecer no Afeganistão e que tem uma presença importante na Ásia Central, o regime de Vladimir Putin insiste em ligar a Ucrânia ao ataque, o pior atentado em solo russo em 20 anos.

"Acreditamos que a acção foi preparada pelos próprios radicais islâmicos e facilitada pelos serviços especiais ocidentais", disse na terça-feira Alexander Bortnikov, director do Serviço Federal de Segurança (FSB). “Os serviços especiais da Ucrânia estão directamente relacionados com isto", acrescentou, já depois de os quatro suspeitos capturados terem sido levados a tribunal.