Rússia condena cantora das Pussy Riot a seis anos de prisão por “informações falsas”
Lucy Stein enfrenta seis anos de prisão por, segundo o Kremlin, ter espalhado “informações falsas”. A banda já foi alvo de prisões e torturas e está na “lista negra” de Putin há dois anos.
Um tribunal russo condenou nesta quarta-feira, 27 de Março, a cantora Liudmila (Lucy) Stein, membro do grupo punk Pussy Riot, a seis anos de prisão por ter, alegadamente, espalhado “informações falsas” sobre as forças armadas russas.
O Ministério Público tinha solicitado uma pena de oito anos de prisão e a proibição do uso de Internet durante quatro anos, segundo adianta o canal independente Telegram Mediazona, citado pelas agências internacionais.
A cantora, que vive fora da Rússia e faz parte da lista de procurados desde Maio de 2022, foi acusada de “divulgar publicamente, garantindo ser uma mensagem confiável, informações sobre as forças armadas deliberadamente falsas”, um crime que as leis russas punem com até dez anos de prisão.
As autoridades fundamentaram o processo criminal na publicação de uma mensagem na rede social X (antigo Twitter), em Março de 2022, na qual Lucy comentava um vídeo em que soldados ucranianos disparavam contra as pernas de prisioneiros de guerra russos.
Já em 2021, a cantora tinha sido condenada a um ano de restrição de liberdade por instigar uma violação das normas sanitárias impostas a propósito da pandemia de covid-19, apelando a que as pessoas fossem a uma manifestação de apoio ao então líder da oposição preso Alexei Navalny.
Após o início da guerra contra a Ucrânia, em Fevereiro de 2022, Lucy cortou a pulseira electrónica que usava por ordem judicial e conseguiu sair da Rússia.
Posteriormente, foi multada em 50 mil rublos (cerca de 500 euros) à revelia por desacreditar as forças armadas.
O grupo Pussy Riot, liderado pela activista Maria Alyokhina e associado à oposição ao Kremlin, é perseguido há vários anos pelo regime liderado pelo Presidente Vladimir Putin.
Fundada em Moscovo em 2011, a banda, que defende o feminismo e os direitos LGBT, chegou a integrar 11 mulheres, tendo-se tornado mundialmente conhecida quando actuou numa catedral de Moscovo, em 2012, o que levou à prisão de três dos membros — Nadezhda Tolokonnikova, Maria Alyokhina e Yekaterina Samutsevich — durante quase dois anos.