Juiz impõe ordem de silêncio a Donald Trump no julgamento em Nova Iorque

O candidato republicano na corrida à Casa Branca é acusado de 34 crimes de falsificação de documentos, num caso relacionado com pagamentos pelo silêncio da actriz pornográfica Stormy Daniels.

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Donald Trump num tribunal de Nova Iorque esta segunda-feira Reuters/Brendan McDermid
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O juiz que preside ao julgamento de Donald Trump em Nova Iorque impôs esta terça-feira uma ordem de silêncio ao ex-Presidente norte-americano, que incide em especial sobre testemunhas, jurados e funcionários do tribunal. A decisão foi anunciada poucas horas depois de o magnata ter atacado, em comentários online, o magistrado e a sua filha.

Juan Merchan presidirá a partir de 15 de Abril ao julgamento de Trump, acusado de 34 crimes de falsificação de documentos, de modo a encobrir a transferência de 130 mil dólares à antiga actriz pornográfica Stormy Daniels, durante a campanha eleitoral de 2016, quantia entendida como pagamento pelo silêncio da actriz sobre relações sexuais entre ambos - pagamento esse que terá violado as leis financeiras das campanhas eleitorais.

Acedendo a um pedido da acusação, o juiz Juan Merchan considerou a ordem “estritamente adaptada”, que proíbe Trump de fazer certas declarações extrajudiciais. “Não há dúvida de que a iminência do risco de danos é agora fundamental”, frisou, citando comentários do magnata republicano e a data iminente do início do julgamento.

Os procuradores pediram a ordem de silêncio, citando o que chamaram de “longo historial de comentários públicos e inflamatórios” de Trump sobre pessoas envolvidas nos seus processos legais.

Horas antes, Donald Trump escreveu na sua rede social, a Truth Social, que Juan Merchan é um "inimigo de Trump certificado". "Noutras palavras, ele odeia-me", insistiu, apelando ao afastamento do juiz. O candidato republicano descreveu ainda a filha do magistrado como "gestora de uma empresa democrata super liberal", que trabalha para os congressistas democratas "e até para o corrupto Joe Biden" (na expressão original, "Crooked Joe Biden", adjectivo que já tinha usado para se referir a Hillary Clinton e usa agora para o seu adversário político).

A ordem de silêncio não proíbe comentários sobre Merchan ou o procurador distrital de Manhattan, Alvin Bragg, um democrata, mas proíbe Trump de atacar figuras-chave no caso, como Michael Cohen, o seu ex-advogado que se tornou inimigo, ou Stormy Daniels. Esta ordem soma-se às restrições postas em prática após a acusação de Trump em Abril do ano passado, que o impedem de usar provas no caso para atacar testemunhas.

Depois de uma audiência na segunda-feira em que Merchan marcou a data do julgamento para 15 de Abril, Trump atacou o procurador Matthew Colangelo nas redes sociais, acusando-o de pertencer à “esquerda radical do Departamento de Justiça”.

O favorito republicano na corrida à Casa Branca tem tentado bloquear o caso em diversas ocasiões, mais recentemente pedindo ao juiz que esperasse que o Supremo Tribunal decidisse sobre a sua possível imunidade presidencial noutro caso, sobre a alegada interferência no processo eleitoral.

Além do processo em Nova Iorque, Trump enfrenta mais dois, um em Washington D.C. e outro na Georgia, por tentar reverter os resultados das presidenciais de 2020.

Está também marcado para 20 de Maio o julgamento na Florida, no qual Trump é acusado de obstrução de justiça e de posse ilegítima de documentação confidencial na sua mansão em Mar-a-Lago.