Santa Casa Jazz Fest estreia-se em Abril, no Convento de São Pedro de Alcântara

Com o 25 de Abril no meio, o jazz está de volta à cidade de Lisboa numa parceria da Santa Casa com o Hot Clube. Serão nove concertos em quatro dias, 24, 26, 27 e 28 de Abril.

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O quinteto de Isabel Rato abrirá o festival, no dia 24 de Abril ANABELA CARREIRA
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O palco será o Convento de São Pedro de Alcântara, em Lisboa, onde durante quatro dias a liberdade celebrada nestes 50 anos do 25 de Abril soará a jazz. A iniciativa partiu da Santa Casa de Misericórdia de Lisboa que, numa parceria inédita com o Hot Clube de Portugal, deu luz verde à primeira edição de um novo festival, o Santa Casa Jazz Fest, que nos dias 24, 26, 27 e 28 de Abril levará a dois espaços daquele convento um total de nove concertos.

Nos dias 24 e 26 (com o 25 de Abril pelo meio), actuarão na igreja do convento os quintetos de Isabel Rato e Maria Carvalho (ambos às 20h), seguindo-se, no mesmo espaço, mas no sábado dia 27, os pianistas Daniel Bernardes (16h), Filipe Raposo (18h) e Carlos Azevedo com o saxofonista João Mortágua (20h); no domingo, 28, actuará na igreja o trio Sul, com Bernardo Moreira (contrabaixo), Bernardo Couto (guitarra portuguesa) e Luís Figueiredo (piano). Num outro espaço do convento, o Jardim do Abacateiro, actuarão combos da escola de Jazz Luiz Villas-Boas, no sábado 26 às 17h15 e 19h15 e domingo 27 às 16h

Teresa Nicolau, directora da Cultura da Santa Casa, explica ao PÚBLICO coma nasceu a ideia: “A Santa casa da Misericórdia de Lisboa resolveu fazer um programa todo ele à volta dos 50 anos do 25 de Abril, com a ideia de liberdade e de celebração, porque sendo esta uma casa com mais 500 anos, está também ligada a esta história. Ora se o conceito é liberdade e o Hot Clube neste período está sem casa em Lisboa, quisemos arranjar uma forma de o Hot voltar a ‘casa’. Por isso, desenvolvemos esta ideia, que se concretiza neste mini-festival, como possibilidade de devolver o jazz à cidade. E se nós, Santa Casa, temos alguns espaços, porque não dinamizar esses espaços e produzir cultura, em lugar de apenas apoiar?”

Pedro Moreira, director do Hot Club de Portugal, confirma: “A iniciativa foi da Santa Casa e em particular da Teresa, que nos contactou numa fase preliminar, para manifestar o desejo de fazer qualquer coisa em colaboração connosco, que podia ter este formato ou ser algo um pouco diferente, com concertos mais espaçados no tempo. Nas conversas iniciais, tanto nós como a Teresa chegámos à conclusão de que, pelo menos nesta primeira colaboração (que esperamos se repita no futuro), devia ser uma coisa mais concentrada, até para dar uma tonalidade de festival, de festa. Ainda por cima, coincidindo este ano com as celebrações dos 50 anos do 25 de Abril, era mais cativante aproveitar essa energia de celebração.”

E assim se chegou a um formato de festival, pensando em dois espaços do convento, diz Teresa Nicolau: “A igreja, que tem uma acústica muito especial, brilhante, para concertos de piano e outros, e já lá fazemos concertos, como a Temporada de Música em São Roque; e o Jardim do Abacateiro, que é pequeno mas é muito bonito, ajudando a trazer essa intimidade a estes concertos e a esta iniciativa, tornando-os mais próximos das pessoas.”

A programação ficou a cargo do Hot, que a ajustou à época, explica ainda Pedro Moreira: “Embora não seja um festival assumidamente de celebração do 25 de Abril, parte da programação tem que ver com esse universo, porque não pode passar ao lado. Há dois projectos de duas jovens fantásticas, uma compositora e pianista, a Isabel Rato, e outra baterista e também compositora e arranjadora, que é a Maria Carvalho, com um grupo de jovens, rapazes e raparigas recém-formados na área do jazz e de enorme qualidade. Um destes projectos é uma homenagem ao José Mário Branco, com uma roupagem muito jazzística, muito contemporânea, mas com aquele universo poético e musical dele. O outro, da Isabel Rato, com arranjos e conceito dela, é baseado em música do Zeca [Afonso].”

A encerrar o festival, domingo ao final da tarde, ouvir-se-á um outro projecto de vertente semelhante, diz Pedro: “Ainda neste universo, um pouco português, já não exclusivamente ligado ao 25 de Abril, há outro projecto, o Sul, com guitarra portuguesa [Bernardo Couto], o Luís Figueiredo [piano] e o meu irmão Bernardo [Moreira, contrabaixo], que mistura sabores do jazz contemporâneo com o universo da música tradicional portuguesa.”

Exposições, poesia, tertúlias...

O resto da programação ajustou-se da melhor maneira aos espaços, explica ainda Pedro: “Para aproveitar um espaço que é muito bonito e muito singular, o da própria igreja do convento, entendemos que era melhor ter uma componente de música de câmara, até porque a acústica não aguentaria grupos maiores em termos instrumentação. Então pensámos num ciclo de piano, com dois pianos solos, o Filipe Raposo e o Daniel Bernardes, e um piano em dueto, que é o Carlos Azevedo, que vem do Porto, com o João Mortágua, um supervirtuoso do saxofone. A temperar tudo isto, há as apresentações dos combos da Escola de Jazz Luiz Villas-Boas, que farão as separações entre concertos no sábado e no domingo.”

A par dos concertos haverá ainda, segundo os promotores deste festival, “exposições permanentes, visitas guiadas, uma feira do livro, conferências, sessões de poesia, tertúlias, e muito mais”, que decorrerão em quatro espaços da Santa Casa: o Convento de S. Pedro de Alcântara, a Sala de Extracções, a Brotéria e o Antigo Recolhimento das Merceeiras.

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