Ponte em Baltimore desaba após colisão de navio. Seis pessoas desaparecidas
Segundo as autoridades norte-americanas, a colisão do cargueiro com a ponte foi acidental. Continuam as buscas por seis pessoas desaparecidas.
Uma ponte com quase três quilómetros desabou na madrugada desta terça-feira em Baltimore, no estado norte-americano de Maryland, depois de um navio cargueiro ter colidido com a estrutura. Seis pessoas estão desaparecidas.
De acordo com a ABC News, a tripulação terá emitido um alerta às autoridades de Maryland pelas 1h30 locais (5h30 em Lisboa), admitindo ter perdido o controlo da embarcação, devido a problemas com o sistema de propulsão. No The New York Times, lê-se que o navio já tinha registado problemas nos "sistemas de propulsão e maquinaria auxiliar" numa inspecção realizada há menos de um ano.
Várias pessoas caíram ao rio Patapsco na sequência do desastre e seis continuam desaparecidas. Foram já retiradas da água duas pessoas, uma delas em estado grave. Todos os tripulantes do cargueiro estão a salvo.
Paul Wiedefeld, do Departamento de Transportes de Maryland, revelou que os desaparecidos serão trabalhadores que faziam obras de reparação do tabuleiro da ponte, inaugurada em 1977.
O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, está a acompanhar as operações de socorro e deverá dirigir-se a Baltimore, cidade próxima da capital Washington, "assim que possível". Repetindo informação já adiantada pelas autoridades locais, Biden descreveu a situação como um "acidente terrível", excluindo a hipótese de um acto deliberado.
Também o FBI emitiu um comunicado em que afirma que "não há informação concreta e credível que sugira qualquer ligação a terrorismo".
O chefe de Estado garantiu ainda a disponibilização de todos os recursos federais para ajudar nas operações de busca e salvamento no Patapsco. Neste momento, o resgate dos trabalhadores desaparecidos é a "principal prioridade" das autoridades.
Biden admitiu que deverá ser o Governo federal a cobrir os custos da reconstrução da ponte e deixou um apelo aos congressistas norte-americanos para que apoiem esse esforço financeiro.
Join me as I deliver remarks on the collapse of the Francis Scott Key Bridge in Baltimore. https://t.co/gsjWGHdTXn
— President Biden (@POTUS) March 26, 2024
"A ponte Francis Scott Key é vital para a nossa economia e para a nossa qualidade de vida. Dei instruções à minha equipa para trabalhar com [o estado de] Maryland e mover mundos e fundos para reabrir o porto e reconstruir a ponte tão rápido quanto possível", justificou. "Vai levar tempo, mas a população de Baltimore pode contar connosco."
O acesso ao porto de Baltimore permanece bloqueado, uma vez que os destroços da ponte interrompem a navegação no rio Patapsco, e foi declarado estado de emergência em Maryland. As transportadoras que usavam este porto estão a encaminhar os seus navios para outras cidades portuárias na costa Leste dos Estados Unidos.
Baltimore é um dos maiores portos norte-americanos, sobretudo para o transporte de contentores, automóveis e maquinaria. A sua importância para a economia e para a comunidade local foi celebremente retratada na série televisiva The Wire.
O colapso da ponte impede também o tráfego na auto-estrada I-695, uma variante da I-95, principal via rodoviária do Leste dos Estados Unidos. O fecho da via perturbará o trânsito na zona industrial de Baltimore e levará ao desvio de automóveis e camiões através do centro da cidade. As autoridades admitem que a situação poderá prolongar-se durante muito tempo.
Navio Dali já tinha estado envolvido num acidente em 2016
O cargueiro Dali, que colidiu com a ponte Francis Scott Key, navegava com bandeira de Singapura. O navio construído em 2015 pela Hyundai Heavy Industries, da Coreia do Sul, é propriedade da Grace Ocean Pte e é operado pela Synergy Marine Group, ambas com sede em Singapura. Nos últimos nove anos, foi inspeccionado 27 vezes.
O navio de 300 metros de comprimento e 48 de largura transportava milhares de contentores de mercadorias e iniciava esta terça-feira uma viagem de 27 dias com destino a Colombo, no Sri Lanka.
Mas não foi a primeira vez que o navio esteve envolvido num acidente. Em 2016, a embarcação colidiu lateralmente com um cais no porto belga de Antuérpia, ao iniciar uma viagem em direcção à costa alemã. Uma investigação do acidente concluiu que tinha sido originado por erro humano do comandante.