Quase dois quintos (39%) das empresas portuguesas destinam menos de 25% das suas despesas de capital em iniciativas que visam a descarbonização, segundo uma análise do CDP e da consultora Oliver Wyman, divulgada esta terça-feira. As conclusões resultam de uma análise baseada em dados de 1600 empresas europeias, que representam 89% da capitalização bolsista da região, fornecidos ao CDP - Disclosure Insight Action, organização sem fins lucrativos que gere o sistema global de divulgação ambiental.
Segundo a análise, mais de metade das empresas dos principais sectores com emissões elevadas afirmam que o acesso ao capital é uma preocupação fundamental nos esforços de descarbonização.
"Muitas empresas ainda não estão a conseguir reduzir as suas emissões de carbono à escala e ao ritmo de que necessitamos actualmente, e apenas uma em cada cinco está a fazer progressos substanciais em áreas-chave", refere o relatório “Get the Money Moving” ("Pôr o dinheiro a mexer", em tradução livre).
Neste momento, as empresas deparam-se com o desafio de desenvolver modelos empresariais sustentáveis comercialmente viáveis. De acordo com as entidades, em muitas indústrias, a economia fundamental não está a evoluir com rapidez suficiente para tornar atractiva uma mudança rápida e em grande escala para modelos de negócio mais sustentáveis.
As empresas de electricidade, apontam, que são essenciais para a electrificação e descarbonização dos transportes e da indústria pesada, precisam investir 1,9 biliões de euros até 2030 em energias renováveis, o que poderá significar um défice de 285 mil milhões de euros nesse período. "Se o investimento não acompanhar o ritmo da procura de produtos e serviços ecológicos, 20% das empresas europeias prevêem perder clientes para soluções alternativas", alerta o relatório.
Embora estejam a surgir tecnologias e produtos com baixas emissões de carbono, "os modelos de negócio comerciais continuam subdesenvolvidos", descreve o relatório. Em muitos sectores, as políticas públicas "ainda não alteraram o panorama económico de forma suficientemente decisiva a favor de produtos e serviços mais sustentáveis".