Sunak diz que China é a “maior ameaça estatal” ao Reino Unido

Regime de Pequim é acusado por Londres de vários ataques informáticos. Londres anunciou sanções contra um grupo próximo do Governo chinês.

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Sunak disse que a China é uma ameaça à "segurança económica" do Reino Unido Reuters/Danny Lawson
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A China foi acusada pelas autoridades britânicas de ter realizado uma série de ataques informáticos que expuseram os dados pessoais de milhões de eleitores. O primeiro-ministro, Rishi Sunak, diz que o regime chinês é a “maior ameaça estatal” ao Reino Unido.

Londres responsabiliza Pequim por ataques que ocorreram em 2021, mas que apenas foram descobertos em Outubro passado. O regime chinês conseguiu aceder aos dados de mais de 40 milhões de eleitores britânicos depois de ter conseguido entrar nos servidores da Comissão Eleitoral. Segundo a imprensa britânica, os autores do ataque conseguiram aceder aos nomes e moradas de todos os eleitores registados no Reino Unido, assim como o nome dos eleitores registados no estrangeiro.

No entanto, segundo os responsáveis britânicos, o ataque, inicialmente atribuído apenas a “agentes hostis”, não comprometeu o sistema eleitoral nem foram encontradas alterações nas informações contidas no banco de dados dos eleitores.

A revelação de que os dados dos eleitores britânicos estão vulneráveis a ataques externos é particularmente preocupante quando o Reino Unido está a poucos meses de eleições gerais – têm de ser marcadas até Janeiro do próximo ano.

Num incidente separado, piratas informáticos chineses também conseguiram aceder aos emails de 43 deputados e membros da Câmara dos Lordes conhecidos por defenderem políticas mais duras em relação a Pequim.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros anunciou a imposição de sanções contra o APT131, um grupo de piratas informáticos com ligações ao Governo chinês. Esta organização já tinha estado envolvida numa tentativa de acesso aos emails de membros da equipa de campanha de Joe Biden durante as eleições de 2020.

Um porta-voz da embaixada da China em Londres disse que as alegações “são totalmente fabricadas” e não passam de “calúnias maliciosas”.

Falando antes de uma intervenção do vice-primeiro-ministro britânico, Oliver Dowden, no Parlamento, onde se esperava que anunciasse sanções contra dirigentes chineses, Sunak não quis confirmar se seria essa a decisão do seu Governo, mas disse que é “correcto” que sejam adoptadas medidas para proteger os interesses britânicos.

“A China está a comportar-se de uma forma cada vez mais assertiva no estrangeiro, autoritária em casa e representa um desafio definidor de uma época, e é também a maior ameaça estatal para a nossa segurança económica”, afirmou, durante uma visita a uma empresa.

Dowden não anunciou novas sanções, mas disse que vai convocar o embaixador de Pequim para pedir explicações e assegurou que “o Reino Unido não vai tolerar ciberactividade maliciosa” contra as suas “instituições democráticas”.

“Não hesitaremos em tomar medidas rápidas e firmes sempre que o Governo chinês ameaçar os interesses do Reino Unido”, garantiu.

A acusação directa por parte do Reino Unido de que o regime chinês está a organizar uma campanha de ataques informáticos contra os sistemas de informação britânicos representa um novo patamar na tensão entre os dois países. No ano passado, um investigador parlamentar foi detido por suspeita de espionagem a favor da China.

O director do MI5 acusou Pequim de estar a levar a cabo uma campanha de espionagem no Reino Unido a uma “escala épica”, mas a embaixada da China em Londres rejeitou as alegações e condenou o Reino Unido por estar a fazer “acusações sem fundamentos”.

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