Candidato da oposição no Senegal encaminhado para vencer as presidenciais

Bassirou Faye lidera de forma confortável a contagem parcial e o seu principal adversário, Amadou Ba, já admitiu a sua vitória.

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Apoiantes de Faye celebraram a sua vitória assim que foram conhecidos os primeiros resultados Reuters/Luc Gnago
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O candidato da oposição no Senegal, Bassirou Diomaye Faye, lidera a contagem dos votos das eleições presidenciais de domingo e parece estar bem colocado para ser eleito. Depois de algumas hesitações, o seu principal adversário concedeu a derrota e pôs o Senegal a caminho de uma mudança de rumo.

Os primeiros resultados parciais conhecidos ao longo da noite de domingo apontam para uma vitória de Faye com mais de 50% dos votos – o que seria suficiente para uma eleição logo à primeira volta. Durante a noite, ouviram-se festejos dos seus apoiantes nas ruas de Dacar, que manifestavam o desejo de uma mudança profunda no rumo do Senegal.

“Estou feliz por ver que há um vento de mudança”, afirmava, citado pela Reuters, Tall, um homem que se juntou aos festejos na capital senegalesa.

Pelo menos cinco dos 16 candidatos que se apresentaram às eleições de domingo reconheceram a derrota e saudaram Faye. E até os jornais nacionais decretavam a vitória do candidato oposicionista nas suas edições desta segunda-feira.

Os resultados oficiais só serão confirmados na sexta-feira pelo Tribunal de Recurso de Dacar.

Faye candidatou-se pelo Patriotas Africanos do Senegal para o Trabalho, a Ética e a Fraternidade, conhecido como Pastef, o partido liderado por Ousmane Sonko, que durante muitos anos foi o principal rosto da oposição. Condenado por vários crimes que diz serem parte de uma perseguição política, Sonko não pôde participar nas eleições deste domingo, mas deu todo o seu apoio a Faye.

O principal lema da campanha do candidato oposicionista era “Diomaye é Sonko”, diz a Reuters.

Apesar de tudo apontar para uma vitória de Faye, o seu principal adversário, Amadou Ba, tardou a reconhecer os resultados. A sua campanha divulgou um comunicado em que dizia ser prematuro decretar um vencedor e que as celebrações em torno de Faye são “manipuladoras”.

“Vamos respeitar o jogo democrático”, afirmou Ba numa conferência de imprensa na noite de domingo.

Esta segunda-feira, um porta-voz do Governo revelou que Ba concedeu a derrota e congratulou o seu adversário. A hesitação inicial alimentou alguns receios de que o candidato pró-governamental não viesse a reconhecer os resultados, aumentando a probabilidade de que a crise social e política que o Senegal atravesse viesse a prolongar-se indefinidamente.

Ba é apoiado pelo ainda Presidente Macky Sall, que, pela primeira vez na história democrática do Senegal, não apareceu nos boletins de voto, por ter atingido o limite de mandatos.

Ao fim de três anos de enorme instabilidade política e social no Senegal, a expectativa era que os eleitores se inclinassem para uma mudança, sobretudo entre os mais jovens que enfrentam um elevado índice de desemprego.

Havia receio de que Sall se tentasse eternizar no poder, sobretudo depois de ter anunciado um adiamento por dez meses das eleições presidenciais, inicialmente marcadas para Fevereiro. O Conselho Constitucional acabou por considerar inconstitucional o adiamento e forçou Sall a marcar eleições para uma data anterior ao fim do seu mandato.

Num contexto regional muito sensível, em que se têm sucedido os golpes de Estado em países da África Ocidental, a comunidade internacional olha com especial atenção para os desenvolvimentos no Senegal, visto até hoje como um raro exemplo de estabilidade no continente.

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