Adeus, Odie. O primeiro módulo espacial privado a pousar na Lua “morreu”

Viagem espacial liderada pela empresa Intuitive Machines tinha entrado em hibernação no final de Fevereiro – e não voltou a acordar, como era expectável. Empresa e NASA consideram missão um sucesso.

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O módulo lunar Odysseus foi lançado para o espaço no final de Fevereiro INTUITIVE MACHINES
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“​Odie apagou-se para sempre.” O primeiro módulo espacial privado a pousar na Lua, o Odysseus, da norte-americana Intuitive Machines, “morreu”, como anunciou a empresa este sábado na rede social X.

O aparelho foi desligado no final da sua missão principal, tendo hibernado após sete dias na superfície do satélite natural da Terra, e não mais “acordou”. O módulo lunar, que marcou o regresso dos Estados Unidos há Lua mais de 50 anos depois da última alunagem, entrou em hibernação a 29 de Fevereiro, uma semana depois de chegar à Lua, já que a entrada grande noite lunar (quase duas semanas sem luz solar) impedia a continuidade do trabalho – o Odie ficou sem baterias, recarregáveis através de luz solar.

Uma semana antes, a 22 de Fevereiro, este módulo lunar tinha-se tornado a primeira missão privada a pousar na Lua e o primeiro aparelho norte-americano a fazê-lo depois do fim do programa Apolo, cuja última missão (a Apolo 17) em 1972 enviou pela última vez astronautas para a superfície lunar.

A missão do Odysseus está integrada no programa Ártemis, em que os Estados Unidos têm alicerçado boa parte do trabalho na subcontratação de serviços a empresas privadas – como nesta missão. O intuito é recolocar astronautas na Lua no final de 2026, precisamente no pólo Sul, a região que Odie explorou brevemente nesta incursão.

O módulo da Intuitive Machines, que transmitiu imagens e dados científicos, estava num plano inclinado, na região do pólo Sul, após uma descida agitada devido a uma falha no sistema de navegação. Apesar disso, alguns dos painéis solares ainda conseguiram continuar a funcionar e a fornecer energia, permitindo o seu funcionamento durante os primeiros sete dias. Contudo, era pouco provável que as baterias do engenho sobrevivessem ao frio glacial da noite lunar.

Ainda se sabe pouco sobre os dados que foram recolhidos, o que podem indicar e se têm dimensão suficiente para revelar algo sobre o funcionamento dos instrumentos levados a bordo ou das condições de alunagem naquela região da Lua – bastante perto de uma das zonas candidatas a receber a Ártemis III, a missão que levará humanos até à Lua em 2026. O último envio de dados pelo Odysseus permitiu recolher 350 megabytes de “ciência e dados de engenharia”, segundo a Intuitive Machines – 350 megabytes é o espaço que ocupa um vídeo de dez a 15 minutos com qualidade.

Apesar da “morte” da sonda, a Intuitive Machines e a agência espacial norte-americana NASA, parceira da empresa na missão, através de instrumentos científicos a bordo, consideraram a presença lunar do Odysseus um sucesso.

Um dos motivos para o “sucesso” deste aparelho de quatro metros de altura e 1,5 metros de largura – e quase duas toneladas de peso – é sobretudo não se ter despenhado na superfície da Lua. Basta recordar dois casos no último ano em que aconteceu o oposto: em Abril, a sonda da empresa japonesa ispace acelerou demasiado e chocou na superfície lunar; a missão da Rússia de regresso à Lua teve o mesmo resultado em Agosto. Por isso, pousar na região do pólo Sul da Lua não era uma tarefa com sucesso garantido.