Uma pessoa chega a Lucca como se uns milhares de anfitriões nos permitissem, por simpatia, a entrada por uma das seis portas das suas muralhas. Abraçada por estas longevas e longas linhas de defesa, a fortificada Lucca parece posta em sossego numa paz de que nem sabíamos que precisávamos. Aninhada no seu labirinto, velha de mais de dois mil anos, Lucca surge assim, como que à defesa, mas, na verdade, há muito que transformou as suas muralhas renascentistas, sendo das poucas cidades no mundo onde estas se mantêm intactas, em acção absolutamente pacífica. No alto das muralhas, largas como uma avenida, passeiam turistas, correm atletas, brincam crianças, fazem-se piqueniques, caminha-se ou pedala-se por cinco quilómetros panorâmicos para a história e a vida contemporânea, a natureza e a arquitectura, o intrincado tecido urbano que nos espraia harmonias ocres no olhar com os Alpes Apuanos a emoldurar o horizonte. Mas este sossego pode ser ilusório, nem sempre este bastião da alma toscana se oferece assim.
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