Luís Montenegro apresenta-se a Bruxelas e garante “estabilidade no governo e no país”

Primeiro-ministro indigitado foi até à capital europeia para uma série de encontros com responsáveis políticos da União Europeia. E também houve tempo para um aperto de mão com António Costa.

Foto
Luís Montenegro reuniu-se esta quinta-feira de manhã em Bruxelas com Ursula von der Leyen Comissão Europeia
Ouça este artigo
00:00
04:55

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

Depois do primeiro-ministro em gestão, António Costa, também o primeiro-ministro indigitado, Luís Montenegro, foi encontrar-se com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para afastar o espectro da instabilidade, reforçar a mensagem de tranquilidade e normalidade da transição do poder, e garantir que Portugal continuará a assumir as suas responsabilidades no quadro da União Europeia.

“Não há nenhuma razão para colocar em causa a estabilidade do país e a estabilidade de uma solução de governo, que, embora não disponha de maioria absoluta na Assembleia da República, dispõe da confiança dos eleitores”, afirmou, em declarações aos jornalistas na sede da Comissão Europeia, após uma curta reunião com a líder do executivo comunitário, que já conhece bem das reuniões do Partido Popular Europeu, a família política a que ambos pertencem.

No final do encontro, Luís Montenegro disse que foi uma “ocasião para explicar o contexto em que foi indigitado primeiro-ministro”, e insistiu que tem todas as condições políticas para assumir funções e dar início a um mandato que conta levar até ao fim, por acreditar no “sentido de responsabilidade de todos os agentes políticos, incluindo aqueles que estão hoje na oposição”.

“Não há nenhuma razão, nem interna nem externa, para se duvidar da capacidade de um governo estável, que cumpra com responsabilidade todos os seus compromissos com os eleitores portugueses, aqueles que fizeram uma escolha de mudança no dia 10 de Março, e também com as instituições internacionais, à cabeça das quais está a União Europeia”, repetiu, sem nunca se referir à votação obtida pelo Chega e à incerteza do seu apoio à proposta de Orçamento do Estado.

Uma mensagem de estabilidade semelhante à que António Costa foi transmitir a Von der Leyen na véspera, e que, segundo o próximo primeiro-ministro, está perfeitamente apreendida. “A presidente da Comissão conhece muito bem a realidade política portuguesa, e estou em crer que não andarei longe daquilo que é o seu pensamento se disser que há uma grande esperança e uma expectativa muito positiva relativamente àquilo que será o desempenho governativo de Portugal nos próximos anos — do ponto de vista da estabilidade, do ponto de vista das condições de execução do programa do Governo e também do ponto de vista da participação no processo de construção europeia”, revelou.

Numa mensagem publicada na rede social X (antigo Twitter), Ursula von der Leyen deu os parabéns a Montenegro pela sua indigitação e desejou-lhe “muito sucesso como primeiro-ministro de Portugal”. “Vivemos um momento crucial para a Europa e estou ansiosa por começar a trabalhar consigo”, escreveu.

Café para dois primeiros-ministros

Da Comissão, Luís Montenegro seguiu para a cimeira do PPE, que desta vez se realizou no hotel onde costumam ficar alojados os membros do Governo de Portugal quando vêm a Bruxelas. À chegada, encontrou António Costa, que fez um desvio no seu itinerário para uma troca de cumprimentos e um café. Os dois primeiros-ministros, em gestão e indigitado, já tinham falado pelo telefone, depois de Montenegro deixar o Palácio de Belém, mas fizeram questão de se juntar para uma breve conversa — longe dos olhares dos jornalistas, que só vislumbraram a simbólica passagem de testemunho da liderança do Governo.

À entrada para a sua última reunião do Conselho Europeu, António Costa desejou “os maiores sucessos” a Luís Montenegro, e as “maiores felicidades” ao novo Governo de Portugal, que “tem todas as condições” para fazer boa figura na Europa. “Somos um dos países da UE que felizmente estão a crescer mais, temos o emprego em máximos históricos, conseguimos sair do pódio dos mais endividados e temos um orçamento equilibrado que já produziu um saldo positivo em 2019 e 2023”, assinalou.

O ainda primeiro-ministro sabe que “o novo Governo seguirá seguramente políticas diferentes” das suas, mas entende que não há “nenhuma razão para antecipar qualquer risco [para a credibilidade do país], desde que as coisas sejam bem geridas, obviamente”, considerou.

Luís Montenegro chegou a Bruxelas pouco mais de nove horas depois de ser formalmente indigitado pelo Presidente da República: o presidente do PSD e líder da AD, que venceu as eleições legislativas de 10 de Março, prometeu apresentar o seu Governo na próxima semana.

O elenco do próximo executivo até poderá já estar na cabeça do primeiro-ministro indigitado, mas, segundo contou aos correspondentes de Bruxelas, as “diligências" para a formação do Governo ainda não começaram. “Ainda não começámos a fazer esses contactos”, revelou, com o eurodeputado e vice-presidente do PSD Paulo Rangel ao seu lado.

“Sobre a questão da composição do Governo, tenho de vos remeter para a próxima semana, quando apresentar as minhas decisões sobre a escolha de pessoas, e todo o enquadramento político associado ao Governo, ao Presidente da República”, respondeu, para pôr termo às perguntas dos jornalistas.

A resposta foi parecida quando questionado sobre a composição da lista com que a AD vai concorrer às eleições europeias. “Sou muito franco: só vou tratar disso a partir da altura em que apresentar o Governo ao Presidente da República. É nisso que estou concentrado. As candidaturas [para as eleições europeias [têm de ser apresentadas até 29 de Abril e, portanto, há tempo”, justificou, prometendo que a coligação de centro-direita “apresentará ao país uma lista com pessoas capazes e de créditos firmados, que agreguem os partidos e também que venham da sociedade para enriquecer a nossa capacidade de fazer um bom trabalho”.

Sugerir correcção
Ler 33 comentários