Árvores e florestas urbanas: pilares de desenvolvimento sustentável nas cidades

Segundo as Nações Unidas, estima-se que até 2050 dois terços da população mundial viverão em cidades, tornando urgente a implementação de medidas que promovam um crescimento urbano sustentável.

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A comemoração do Dia Mundial da Árvore e do Dia Internacional das Florestas assume uma importância sem precedentes numa conjuntura marcada pela degradação dos ecossistemas, pela perda de biodiversidade e pelas alterações climáticas. Este cenário é ainda agravado pela expansão das áreas urbanas, impulsionada pelo crescente influxo populacional, o que traz consequências negativas para a qualidade de vida humana e para a saúde frágil do planeta. Segundo as Nações Unidas, estima-se que até 2050 dois terços da população mundial viverão em cidades, tornando assim urgente a implementação de medidas que promovam um crescimento urbano sustentável e mitiguem a sua pegada carbónica.

Neste contexto, as áreas arborizadas urbanas e periurbanas assumem um papel preponderante no combate ao aquecimento global e na resiliência das cidades. Porém, apesar do crescente reconhecimento da sua importância e multidimensionalidade, as árvores continuam a ser, em grande parte, relegadas a uma mera serventia ornamental. Não obstante, elas fornecem múltiplos serviços de ecossistema que incluem a melhoria da qualidade do ar, o sequestro e armazenamento de carbono, a redução do ruído e a regulação da temperatura. Possibilitam ainda a infiltração da água no solo, contribuindo para o abastecimento dos aquíferos e para a redução do escoamento superficial, prevenindo inundações. As árvores e as florestas urbanas assumem ainda o papel de refúgio para diversas espécies, promovendo a biodiversidade, e possuem um valor recreativo e cultural significativo, especialmente em jardins e parques, onde proporcionam momentos de tranquilidade.

No entanto, para maximizar estes potenciais benefícios, é fundamental um planeamento adequado destas florestas, considerando a seleção das espécies mais apropriadas, especialmente com origem em ecótipos/genótipos locais, e o envolvimento ativo das populações. Este envolvimento é conseguido através da promoção de iniciativas pelas autoridades locais, associações e empresas, que visem um conhecimento mais profundo destes seres vivos, juntamente com a organização de eventos de reflorestação.

Esta abordagem permite uma maior consciencialização pública do valor das árvores e o desenvolvimento de um sentido de responsabilidade pela sua preservação. Um dos projetos que pode ser um exemplo nesta matéria é o FUTURO — o Projeto das 100.000 Árvores, na área metropolitana do Porto. Mas, para além destas ações, é essencial que a importância das árvores e das florestas seja um tema chave nos currículos escolares, e que se desenvolvam atividades práticas que proporcionem às crianças e jovens aprendizagens significativas e uma maior conexão com a natureza.

O futuro das árvores e das florestas, urbanas ou não, depende da valorização do Ambiente e da educação para a sustentabilidade das novas gerações, que pressupõe a participação ativa dos pais, educadores, professores e de toda a comunidade. Por isso, é importante aproveitar este dia para olharmos para as árvores sob uma perspetiva diferente, apreciando as suas cores, formas e texturas, e reconhecendo o seu papel crucial na nossa existência.


A autora escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990