Júlio Magalhães suspende funções na TVI

Decisão surge na sequência do alegado envolvimento do pivot num esquema de utilização fraudulenta de fundos europeus que terá como figura central o empresário Manuel Serrão, seu amigo de longa data.

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Júlio Magalhães, que já passou por vários órgãos de comunicação social, anunciou nesta terça-feira a sua indisponibilidade para trabalhar à TVI NELSON GARRIDO
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A administração da TVI anunciou a suspensão do jornalista Júlio Magalhães. A decisão surge na sequência do alegado envolvimento do pivot da estação num esquema de utilização fraudulenta de fundos europeus que as autoridades dizem ter como figura central o empresário Manuel Serrão, seu amigo de longa data e também parceiro de negócios.

Em comunicado, os administradores da TVI explicam que, na sequência das buscas à residência de Júlio Magalhães, o pivot “comunicou à empresa a sua indisponibilidade para se apresentar ao trabalho e suspendeu voluntariamente as tarefas de apresentação de noticiários que lhe estavam atribuídas”.

“É entendimento mútuo que essa situação se deverá manter até esclarecimento complementar dos factos” que estão na origem desta investigação do Departamento Central de Investigação e Acção Penal, refere a administração do canal, que promete pautar a sua conduta pelo respeito que lhe merece o trabalhador, em obediência ao princípio da presunção da inocência a que todos têm direito.

Em causa estão causa fortes suspeitas da prática dos crimes de fraude na obtenção de subsídio, fraude fiscal qualificada, branqueamento e abuso de poder, numa operação policial levada a cabo nesta terça-feira por duas centenas e meia de inspectores da Polícia Judiciária, juízes e procuradores. Além do jornalista e do empresário, foram alvo de buscas o gestor do Programa Operacional Temático Competitividade e Internacionalização – Compete, Nuno Mangas, e a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP).

No centro das suspeitas está a Associação Selectiva Moda, criada há 30 anos e dirigida por Manuel Serrão, que tem o poder de aprovar, dentro dos quadros comunitários, projectos de empresas financiados pela União Europeia com vista à promoção nacional e internacional da indústria têxtil e do vestuário.

Objecto de busca foi igualmente uma publicação dedicada ao sector têxtil, dirigida também por Manuel Serrão. Co-financiado pelo Compete, o T Jornal tem Júlio Magalhães entre os seus redactores.

Nascido no Porto em 1963, Júlio Magalhães foi para Angola com sete meses, tendo regressado a Portugal em 1975. Aos 16 anos já colaborava na secção desportiva do Comércio do Porto, jornal que desapareceu em 2005. Daí transitou para a Rádio Nova. Estreou-se na televisão em 1990, na RTP, onde apresentou o programa da manhã e o Jornal da Tarde, tendo chegado a ser director de informação da TVI entre 2009 e 2011, após a saída de José Eduardo Moniz e o cancelamento do Jornal de Sexta de Manuela Moura Guedes.

Era a ele que lhe cabia a rubrica dominical de comentário político que o canal de Queluz tinha com Marcelo Rebelo de Sousa, de quem diz ter-se tornado amigo. Conhecido por dormir pouco, o futuro presidente da República chegava a ligar-lhe de madrugada, contou numa entrevista.

Antes disso tinha passado pelo jornal Europeu e pelo semanário O Liberal. Também foi director-geral do Porto Canal durante uma década, até 2021, pela mão de Pinto da Costa. Quando saiu da TVI para o canal portuense, os amigos organizaram-lhe um jantar de despedida no qual marcaram presença não só Marcelo com também Pedro Santana Lopes e o médico Fernando Póvoas, entre outros.

Em 2017, o jornalista foi convidado pelo PS para ser candidato à Câmara do Porto. O episódio foi revelado pelo comentador televisivo Marques Mendes, negado pelos socialistas e a seguir confirmado pelo próprio. Era uma espécie de plano B para o caso de Manuel Pizarro vir a aceitar integrar a lista independente de Rui Moreira – o que acabou por não acontecer.

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