BCP perde mais de 1% em bolsa com “especulação” sobre saída da Fosun
O principal accionista do BCP desmente a intenção de vender a participação no banco português, mas os investidores reagem com receio. As acções do BCP seguem a negociar em queda nesta sessão.
O BCP está a negociar em queda na sessão desta terça-feira, numa reacção dos investidores à notícia de que a Fosun estará interessada em vender a participação que ainda detém no banco português, do qual é o principal accionista. Nesta manhã, o conglomerado chinês já veio desmentir a intenção, que apelida como "especulações", mas as acções do banco continuaram a ser pressionadas.
A notícia foi avançada, na segunda-feira, pela Reuters, que deu conta de que a Fosun estará aberta a vender a sua participação no BCP, como forma de aumentar a liquidez disponível, numa altura em que enfrenta dificuldades para honrar as dívidas. Isto, depois de, em Janeiro, o conglomerado chinês ter vendido 5,6% da participação que detém no BCP, por cerca de 235 milhões de euros, ficando com uma posição de 20%.
Na altura, a Fosun, que já chegou a deter mais de 29% do BCP, terá transmitido que pretendia manter uma participação acima dos 20%, permanecendo como accionista de referência, segundo comunicou então o banco português. Agora, contudo, voltam a surgir notícias que vêm contrariar esta posição.
Depois da Reuters, também o Jornal de Negócios avança, na edição desta terça-feira, que a administração da Fosun pretende manter a posição no BCP, mas admite desfazer-se da mesma se não conseguir vender outros activos. Ou seja, ainda que o cenário principal não seja o de saída do capital do banco português, as dificuldades de liquidez poderão empurrar a Fosun para essa decisão.
Aliás, a administração da Fosun já esteve em Portugal na semana passada e a avaliação da posição no BCP foi um dos temas discutidos. Segundo a Reuters, os bancos espanhóis BBVA e CaixaBank foram sondados como potenciais compradores, embora o CaixaBank (que, em Portugal, já detém o BPI) tenha já transmitido não ter interesse nessa operação.
Na resposta a estas notícias, a Fosun emitiu um comunicado, nesta manhã, a rejeitar o interesse numa operação desta natureza. "Rejeitamos especulações recentes sobre discussões para vender a participação no BCP aos bancos referidos na notícia da Reuters. A Fosun permanece firme no investimento estratégico e parcerias em Portugal", escreveu a empresa, acrescentando que "quaisquer desenvolvimentos significativos serão comunicados de forma directa e transparente, tendo em consideração os interesses do banco e da economia portuguesa".
Apesar das garantias que a Fosun procurou transmitir, o BCP segue agora a perder em torno de 0,4% e negoceia nos 29,2 cêntimos por acção, mas já chegou a cair mais de mais de 1% na sessão desta manhã. A instituição liderada por Miguel Maya é uma das cotadas que mais pressionam a bolsa portuguesa, que segue a perder em torno de 1,3% e contraria, assim, a tendência das restantes praças europeias.
Para além do BCP, a Fosun também detém a seguradora Fidelidade e o grupo Luz Saúde, tendo ainda uma participação de 5% na REN. E, ainda de acordo com a Reuters, o conglomerado chinês estará a estudar lançar uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês, ou seja, uma entrada em bolsa) sobre uma parte do capital da Fidelidade, apontando para 2025. O desinvestimento acontece numa altura em que a economia chinesa dá sinais de abrandamento e em que alguns dos principais motores da actividade económica daquele país, como o imobiliário, têm dado maiores sinais de dificuldade.