Green Gardens Fest, um festival para conhecer jardins históricos dos Açores

De 22 a 24 de Março, acontece a 1ª edição do Green Gardens Fest, em Ponta Delgada. Este é um festival dedicado à natureza e a alguns dos jardins que embelezam a ilha de São Miguel.

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Este é o primeiro ano do festival. Um dos pontos de passagem é o Jardim Pitoresco DR
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Algumas das actividades concentram-se no Pinhal da Paz DR
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O Pico Salomão é um dos jardins do programa DR
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Gostava de ir a um festival diferente e ter uma experiência próxima da natureza? Talvez o Green Gardens Fest seja uma boa opção para si, sobretudo se estiver interessado em conhecer as belezas do mundo natural e ter um fim-de-semana de tranquilidade e aprendizagem.

Este é o primeiro ano do evento, que acontece de 22 a 24 de Março, na ilha açoriana de São Miguel. A 1.ª edição é promovida pela Câmara Municipal de Ponta Delgada, juntamente com o CHAM – Centro de Humanidades da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e da Universidade dos Açores. A Associação Portuguesa dos Jardins Históricos (AJH) apoia o evento, que quer reunir os participantes com o mundo das plantas e dos ecossistemas através dos vários jardins históricos que decoram a cidade de Ponta Delgada.

A Fugas esteve à conversa com Isabel Albergaria, membro da direcção da AJH e uma das responsáveis pela organização do Green Gardens Fest. A responsável já coordenou um projecto de investigação, o Green Gardens Azores, focado no turismo de jardins, principalmente de jardins históricos. Daí nasceu uma ideia: a de criar um festival que desse visibilidade a todo o tipo de jardins, ao seu desenho e aos ecossistemas e espaços verdes.

Mas o que torna um jardim especial e digno de um festival? “Um jardim é um espelho da nossa relação com o ambiente, com a natureza e também do nosso posicionamento cultural. Um jardim é uma construção e uma criação cultural. E, portanto, ele espelha todo um conjunto de percepções, de representações sobre a natureza em cada época histórica. E é por isso que os jardins se tornam históricos porque, como qualquer outra obra de arte, eles expressam esse ar do tempo, as questões mais prementes de cada período. E, portanto, são todos diferentes”, responde Isabel Albergaria.

Segundo a especialista, os Açores têm um grande número de jardins históricos, criados em meados do século XIX e início do século XX. No entanto, o evento não se limita apenas aos espaços mais antigos. Foram escolhidos jardins públicos e privados, “dos mais antigos e históricos aos mais modernos”, com uma grande variedade de plantas e influências. No total, o evento passará por 15 espaços, cada um “com uma história diferente”.

Uma viagem criada à medida do festival

O programa divide-se em três dias, cada um dedicado a um tema diferente. No primeiro dia, os visitantes são convidados a conhecer algumas das quintas de Ponta Delgada, como a Quinta das Bolas, a Quinta da Bela Vista e a Quinta Dr. Vítor Santos. Ainda antes disso, o Green Gardens Fest inicia-se com um colóquio sobre o uso e o lazer nos jardins, que Isabel Albergaria descreve como um dos pontos altos do evento.

Os jardins são a personagem principal do itinerário do segundo dia. Entre as 10h e as 17h de 23 de Março, os visitantes podem percorrer um trajecto entre o Jardim António Borges e o Jardim da Assembleia Legislativa, passando pelo Jardim Botânico José do Canto e o Jardim de Santana. As visitas são orientadas por especialistas, que explicarão as diferentes histórias e peculiaridades de cada lugar.

No último dia, o roteiro centra-se na visita aos jardins de produção e lazer. A Quinta da Torre, o jardim experimental Chá Sete Cidades, o jardim do Pico Salomão e a Quinta do Bom Despacho são os locais escolhidos para o encerramento do festival. Nestes jardins, os mais curiosos podem conhecer algumas plantas endémicas, ou seja, exclusivas daquele local.

Durante os três dias, acontecem também várias actividades recreativas. Para elevar a experiência daqueles que visitam o festival, o Green Gardens Fest dá música e dança à natureza. Os mais interessados podem também participar em várias acções ambientais, visitas guiadas e workshops, com actividades para todas as idades.

Os mais pequenos são convidados a respirar o ar puro e a tocar na terra sem medos. “Pensa-se que, nos Açores, como as crianças estão rodeadas pela natureza, deviam ter um contacto mais próximo e assíduo com ela. Mas não é assim. De facto, são crianças com as mesmas dependências e com as mesmas actividades, muito agarrados aos ecrãs. Em muitos, falta esta ligação com a terra, com a natureza, com plantas e animais”, sublinha a representante da AJH. Algumas actividades obrigam à inscrição prévia, no site oficial do festival. Os almoços são a única parte paga do programa e as vagas são limitadas, com as inscrições a encerrar no dia 20.

E quais são os objectivos do festival? Isabel Albergaria responde: “Em primeiro lugar, queremos chamar à atenção para os jardins, para a sua riqueza e diversidade, para a importância dos espaços verdes, associados ao bem-estar, à saúde e ao equilíbrio. Queremos chamar à atenção para a diversidade de aspectos que se encontram neles, como aspectos estéticos, ecológicos e criativos. Sensibilizar os proprietários destes jardins para que invistam o seu tempo e património nestas formas de arte. E, claro, incentivar estas pessoas a abrirem os seus jardins ao público.” A organização também pretende criar uma marca que assegure futuras edições que esperam que “sejam mais alargadas ao espaço da ilha ou até dos Açores”. A AJH tem também como propósito criar uma delegação nos Açores, para que “pudesse estar mais próxima das necessidades, questões e problemas dos associados locais”.

As expectativas para o primeiro ano do festival estão elevadas. “Tenho várias pessoas que me perguntam vários detalhes, se temos mais informações. As pessoas querem saber. Temos boas expectativas.”

Para quem procura uma experiência ainda mais completa e que passe por outra das ilhas do arquipélago dos Açores, a agência de viagens Pinto Lopes preparou um programa especial que, de 20 a 24 de Março, inclui uma viagem em parceria com a AJH. O itinerário começa na Terceira, onde os visitantes serão acompanhados e levados a conhecer diferentes paisagens naturais, como o histórico jardim Duque da Terceira e duas quintas nos arredores de Angra. O segundo e terceiro dia levam os viajantes a São Miguel, principalmente à zona do vale das Furnas. Os restantes dias do pacote vão-se alinhando com a programação do Green Gardens Fest, aprofundando os conhecimentos e a curiosidade cultivada ao longo dos dias. Os preços começam nos 1325 euros por pessoa, incluindo refeições, alojamento e transportes. Para além disso, os visitantes serão acompanhados pela arquitecta paisagista Mariana Sargo durante todo o circuito. A totalidade do programa pode ser consultada na página oficial do pacote de viagem.

Texto editado por Sandra Silva Costa

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