Steve Harley, líder dos Cockney Rebel, morre aos 73 anos

O cantor e compositor britânico, autor da canção Make me smile (come up and see me), que fez sucesso nos anos 70, morreu este domingo, de cancro, na sua casa de Suffolk, no Reino Unido.

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Steve Harley em Glasgow, 2022 Roberto Ricciuti/Redferns/getty images
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Fundador e líder da banda britânica Cockney Rebel, o cantor e compositor Steve Harley, morreu este domingo de manhã, de cancro, na casa onde vivia com a sua mulher, Dorothy, na região de Suffolk, no sudeste do Reino Unido. Tinha 73 anos.

A notícia foi anunciada pela família, segundo a qual Steve Harley “morreu serenamente na sua casa”, que estava “cheia dos sons e risos dos seus quatro netos”.

O músico, que ficou conhecido pelo tema Make me smile (come up and see me), um grande êxito dos anos 70, publicara na véspera de Natal de 2023 uma mensagem a informar os seus fãs de que estava ser tratado a um cancro grave, o que o obrigava a cancelar vários espectáculos previstos para o início de 2024, mas ainda mantinha algum optimismo, sublinhando que “o maldito intruso” não lhe afectara a voz e que continuava a “tocar e cantar todas as tardes”.

Os Cockney Rebel, também conhecidos como Steve Harley & Cockney Rebel, tiveram várias encarnações até ao presente, com diferentes formações, mas ainda hoje são sobretudo conhecidos pelo seu período inicial, entre 1972 e 1977, quando Harley lançou cinco álbuns - a começar por The Human Menagerie (1973) e The Psychomodo (1974) - com o guitarrista e violinista Jean-Paul Crocker, o baterista Stuart Elliott, o baixista Paul Jeffreys e o guitarrista Nick Jones.

Mas o tema que mais os popularizou, Make me smile (come up and see me), já creditado a Steve Harley & The Cockney Rebel, foi lançado apenas como single em 1975 - vendeu um milhão e meio de exemplares -, tendo depois sido escolhido para encerrar, numa versão bastante alargada, o álbum ao vivo Face to Face, em 1977. Mais de uma centena de cantores e bandas, incluindo os Duran Duran e Robbie Williams, editaram versões deste tema, que figura ainda na banda sonora de vários filmes, e que em 2015, 40 anos após o seu lançamento, chegou ao top-30 do iTunes.

Inspiração Bob Dylan

Steve Harley, cujo verdadeiro nome era Stephen Malcolm Ronald Nice, nasceu em Londres, em 1951, e o cancro que o vitimou não foi a primeira doença grave que teve de enfrentar: em criança contraiu poliomielite e, no total de sucessivos internamentos e várias cirurgias, esteve quase quatro anos hospitalizado. Curou-se, mas ficou sempre a coxear ligeiramente da perna direita.

Desde os nove anos que tinha lições de violino, mas terá sido justamente quando recuperava de uma dessas operações no hospital que, aos 12 anos, ouviu um disco de Bob Dylan e decidiu que queria ser músico.

Mas foi como estagiário de contabilidade no jornal Daily Express que começou a sua actividade profissional, aos 17 anos. Não tardou, no entanto, a trocar os números pelas notícias e trabalhou em vários títulos da imprensa regional.

Os hábitos de escrita como jornalista ter-lhe-ão depois sido úteis como letrista. Talvez Rod Stewart, com quem colaborou frequentemente, estivesse a pensar no humor um tanto amargo dos versos de Make me smile quando o considerou “um dos melhores letristas que o Reino Unido alguma vez produziu”.

Steve Harley começou a cantar clubes londrinos no início da década de 70, e chegou a integrar em 1971, como guitarrista e co-vocalista, o grupo de folk Odin, onde conheceu o violinista John Crocker, um dos membros fundadores dos Cockney Rebel.

O grupo foi fundado em 1972 e nesse mesmo ano assinou com a EMI um contrato para três álbuns. Do primeiro, The Human Menagerie, foi lançado o single Sebastian, que teve mais sucesso noutros países europeus do que no Reino Unido, tendo permanecido várias semanas como n.º1 nos tops belga e neerlandês.

No final dos anos 70, o músico tentou uma carreira a solo, e na primeira metade da década seguinte, embora continuasse a dar concertos ao vivo, moderou um pouco a sua actividade na música para acompanhar a educação dos filhos.

Em 1985 assinou um contrato para cinco álbuns com a RAK Records, e no ano seguinte foi escolhido por Andrew Lloyd Weber para cantar o tema titular de O Fantasma da Ópera num single destinado a promover o musical. A canção atingiu o 7.º lugar no top britânico, mas Harley acabou por ser substituído em palco por Michael Crawford.

Em 1989, Harley recuperou os Cockney Rebel com uma nova linhagem e fez uma bem-sucedida digressão pelos Estados Unidos, tendo continuado desde então a actuar ao vivo com diferentes músicos praticamente até à sua morte.

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