Pai de atirador em escola no Michigan considerado culpado por homicídio involuntário

Mãe de Ethan Crumbley já tinha sido responsabilizada pelo mesmo crime. Adolescente recebeu arma dos pais, que ignoraram sinais de violência, e matou quatro colegas numa escola secundária, em 2021.

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James Crumbley, pai de um adolescente que matou quatro colegas numa escola secundária nos EUA Reuters/Mandi Wright/Detroit Free Press/
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James Crumbley, pai de um adolescente que matou quatro colegas e feriu outras setes pessoas com uma arma de fogo, em 2021, numa escola secundária no estado norte-americano do Michigan, foi considerado culpado de homicídio involuntário por um júri.

O veredicto, lido na quinta-feira à tarde, depois de um dia inteiro de deliberações num tribunal do condado de Oakland, foi conhecido cerca de um mês depois de Jennifer Crumbley, mãe do atirador, Ethan Crumbley, também ter sido considerada culpada pelo mesmo delito.

Os Estados Unidos têm elevados níveis de violência com armas e já foram palco de diversos tiroteios em escolas, muitos deles levados a cabo por alunos dos próprios estabelecimentos de ensino e alguns deles menores de idade.

Esta é, no entanto, a primeira vez em que os pais de um atirador com menos de 18 anos são considerados culpados por homicídio involuntário, uma decisão que pode criar jurisprudência importante para casos semelhantes no futuro.

James e Jennifer Crumbley foram responsabilizados em quatro acusações, referentes à morte das quatro vítimas: Hana St. Juliana, de 14 anos; Tate Myre, de 16; Madisyn Baldwin, de 17; e Justin Shilling, de 17. As condenações serão conhecidas no dia 9 de Abril, sendo que, para este tipo de crime, a lei admite penas até 15 anos de prisão.

Detidos no final de 2021, poucos dias depois do ataque na Escola Secundária de Oxford, os pais de Ethan – que, na altura do crime, tinha 15 anos, mas que foi acusado como adulto, tendo sido condenado a prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional – foram acusados pelo Ministério Público de terem oferecido ao atirador, como presente de Natal antecipado, a pistola semiautomática este usou no ataque, a 30 de Novembro.

Para além disso, segundo a acusação, James e Jennifer ignoraram repetidamente sinais de violência e os problemas de saúde mental revelados por Ethan que, a determinada altura, segundo mensagens de texto que trocou com um amigo, terá pedido ao pai para o levar ao médico, e que, em resposta, este se limitou a dar-lhe “uns comprimidos”.

No próprio dia do ataque, de manhã, o casal foi inclusivamente chamado à escola e aconselhado a arranjar ajuda psicológica para o jovem num prazo de 48 horas, devido a pensamentos suicidas, depois de este ter desenhado uma pistola num trabalho escolar e escrito as seguintes frases: “Sangue em todo o lado”; “A minha vida é inútil”; “Os pensamentos não param, ajudem-me”.

Os pais não só não fizeram qualquer referência à compra e oferta da arma ao filho, quatro dias antes, como não quiseram levar Ethan para casa nesse dia, insistindo que passasse o dia na escola. Horas depois, o adolescente usou uma arma de fogo para matar quatro colegas e ferir sete pessoas, incluindo um professor.

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