Caso FTX: Procuradores pedem 40 a 50 anos de cadeia para Sam Bankman-Fried
Bankman-Fried, outrora um dos mais bem sucedidos empresários das criptomoedas, já foi declarado culpado de fraude. Falta agora conhecer a pena a cumprir. Sentença é lida este mês.
O norte-americano Sam Bankman-Fried, fundador da bolsa de criptomoedas FTX, arrisca passar entre 40 e 50 anos na cadeia depois de ser condenado pelo desvio de oito mil milhões bilhões de dólares (7,3 mil milhões de euros) de clientes da sua antiga empresa. Essa é pena que foi pedida esta sexta-feira pelos procuradores encarregues da acusação. A sentença final do caso, julgado em Manhattan, Nova Iorque, será conhecida a 28 de Março de 2024.
Em Novembro, um júri considerou Bankman-Fried, de 32 anos, culpado de sete acusações de fraude e conspiração. Os procuradores federais de Manhattan explicam que "milhares de pessoas" em todo o mundo, incluindo residentes de países devastados pela guerra, confiaram as suas poupanças à FTX.
Mais de 100 entidades baseadas em Portugal, entre investidores individuais e empresas, também admitem ter sofrido perdas com o colapso da bolsa.
"Mesmo agora, Bankman-Fried recusa-se a admitir que o que fez foi errado", escreveram os procuradores na sua recomendação de sentença. "A sua vida nos últimos anos tem sido uma vida de ganância e arrogância sem igual; de ambição e racionalização; e de cortejar o risco e jogar repetidamente com o dinheiro de outras pessoas".
Os procuradores pedem ainda o confisco de património no valor de 11 mil milhões de dólares para ressarcir os investidores da FTX que foram lesados.
Por seu turno, o advogado do antigo bilionário, Marc Mukasey, disse ao juiz distrital Lewis Kaplan que uma pena de prisão de entre cinco a seis anos seria adequada, assegurando que os clientes da FTX receberiam a maior parte do seu dinheiro de volta e reiterando que Bankman-Fried não tinha como objectivo roubar.
Bankman-Fried planeia recorrer da sua condenação e da futura sentença.
Educação privilegiada justifica sentença
Formado no MIT e filho de professores de Direito e de Ética da Universidade de Stanford, Bankman-Fried (melhor conhecido pela sigla SBF) trabalhou em Wall Street antes de aproveitar um boom nos valores de activos digitais como a bitcoin.
No memorando da sentença, os procuradores apontam para a educação privilegiada, de elite, de Sam Bankman-Fried como uma circunstância pela qual deve enfrentar uma sentença especialmente severa.
"Ele sabia o que a sociedade considerava ilegal e antiético, mas desconsiderou isso com base numa megalomania perniciosa guiada pelos próprios valores e senso de superioridade do réu", escreveram.
No julgamento, três ex-associados próximos testemunharam contra SBF, dizendo que o ex-milionário os orientou para desviar fundos dos clientes da FTX para cobrir as perdas do fundo de investimento Alameda Research, detido pelo mesmo empreendedor. Os procuradores avançam que Bankman-Fried também usou fundos de clientes para comprar imóveis de luxo nas Bahamas e para financiar campanhas eleitorais de políticos americanos que poderiam apoiar regulamentações favoráveis à criptomoeda FTT. A maioria, entretanto, já devolveu os donativos.
A sentença final do caso FTX é lida a 28 de Março. Bankman-Fried foi detido em Dezembro de 2022 nas Bahamas, onde a FTX estava sediada, e extraditado para os EUA. O norte-americano está detido no Centro de Detenção Metropolitana do Brooklyn desde Agosto de 2023.