A catástrofe cultural

Há mais de um milhão de pobres e excluídos racistas e xenófobos? É muito fácil perceber que, potencialmente, há certamente ainda muitos mais.

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André Ventura, o líder do Chega, na noite após as eleições legislativas Rui Gaudêncio
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O fluxo abundante de explicações para o resultado do Chega nas eleições do passado domingo desagua com frequência numa piedosa teoria sociológico-política que nos diz o seguinte: o populismo instalou-se sobre a decadência dos partidos clássicos e sobre o ressentimento, a frustração e o sentimento de abandono de uma “classe” pobre, que chegou ao momento em que já não tem o consolo da crença em utopias, progressos e “elevadores sociais”. Todas as superstições de um sucesso que o ambiente social e cultural lhe inculcou foram aniquiladas. Se quisermos decifrar esta asserção nos termos de uma filosofia da história, esta seria a classe que experimenta na pele, aqui e agora, o fim da História.

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