Primeiro tratamento para fígado gordo não-alcoólico aprovado nos Estados Unidos

Agência do medicamento norte-americana deu aval a fármaco destinado a doentes em fase mais avançada de fígado gordo não-alcoólico. Chamado de Rezdiffra, o fármaco estará disponível a partir de Abril.

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Em fases avançadas, a doença do fígado gordo não-alcoólico provoca cicatrizes no fígado Universidade de Harvard
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Os Estados Unidos aprovaram esta quinta-feira o primeiro tratamento para a doença do fígado gordo não-alcoólico. O medicamento, chamado Rezdiffra, está recomendado para pessoas em fases mais avançadas da doença, já com fibrose (cicatrizes) no fígado – será a primeira vez que um fármaco para esta doença entrará no mercado.

A partir de Abril, nos Estados Unidos, o Rezdiffra estará disponível para prescrição, como referiu o director-executivo da empresa farmacêutica Madrigal Pharmaceuticals, Bill Sibold, à agência Reuters. Em Portugal, não existe nenhum medicamento aprovado para esta doença.

A doença do fígado gordo não-alcoólico caracteriza-se pelo excesso de gordura no fígado em pessoas que não bebem álcool ou que o fazem em quantidades ligeiras, podendo originar cirrose hepática ou cancro no fígado. Apesar disso, é uma doença silenciosa, que se desenvolve sorrateiramente, e cuja incidência é, em todo o mundo, de 25%. As estimativas para a população portuguesa são também elevadas e na mesma linha: entre 25% e 30% das pessoas em Portugal terá esta doença – incluindo em crianças, onde o diagnóstico até aos 12 anos tem aumentado de ano para ano.

O medicamento agora aprovado nos Estados Unidos está indicado para quem já tem fibroses no fígado e está na fase 2 ou 3 de gravidade (numa escala que pára no nível 4). Estas fibroses ou cicatrizes são prevalentes nas fases mais avançadas desta doença, sendo uma causa comum de cirroses hepáticas, e careciam de uma solução aprovada – o próximo objectivo da empresa Madrigal Pharmaceuticals deverá ser o aval na Europa.

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O fármaco agora aprovado nos Estados Unidos para a doença do fígado gordo não-alcoólico Madrigal Pharmaceuticals

Primeiro de muitos, espera-se

Os motivos para o aparecimento desta doença ainda são algo misteriosos. Muitas vezes, a doença do fígado gordo não-alcoólico pode resultar do consumo elevado de açúcares e gorduras ou de um estilo de vida sedentário – ou seja, surge associada à obesidade. No entanto, as pessoas mais magras também são diagnosticadas com a doença e têm, inclusive, pior prognóstico.

Como pode passar despercebida durante vários anos, em muitos casos só é descoberta quando há danos graves no fígado (como cirrose ou cancro) e já em fases mais avançadas da doença. Existe ainda a doença do fígado gordo alcoólico provocada pelo consumo excessivo (e regular) de álcool e cujo tratamento começa precisamente pela paragem no consumo de álcool.

“A rápida aprovação do Rezdiffra é o culminar de mais de 15 anos de investigação”, salientou Bill Sibold, num comunicado da Madrigal Pharmaceuticals. O medicamento é um comprimido de toma diária cujos efeitos foram eficazes na melhoria das cicatrizes existentes no fígado e também dos sintomas decorrentes da doença (como cansaço, perda de apetite ou desconforto na região do fígado).

Esta avaliação deriva dos resultados do ensaio clínico do fármaco, já na sua terceira fase, e que seguiu 1759 pessoas ao longo de um ano. Destas pessoas, 888 tomaram o Rezdiffra, mostrando que em 25% a 30% dos pacientes era possível estagnar a evolução da fibrose hepática – algo bem mais raro (9,7%) em quem não tomou o fármaco. Em boa parte destes casos com sucesso houve inclusive uma regressão nestas cicatrizes no fígado, sendo uma opção para quem tem esta doença, como consta dos resultados publicados no The New England Journal of Medicine.

No caso dos Estados Unidos, a sua prescrição não exigirá biópsia hepática aquando do diagnóstico, facilitando a sua oferta, uma das preocupações entre os especialistas nesta doença, conforme refere a agência Reuters. O fármaco só está disponível para adultos, já que não foram realizados teste de eficácia e segurança em crianças ou adolescentes.

Nos próximos anos esperam-se mais novidades na área da doença do fígado gordo não-alcoólico, já que outras empresas farmacêuticas estão a realizar ensaios clínicos para provar a eficácia dos seus medicamentos, como a Akero Therapeutics (cujo fármaco está na última fase dos testes e poderá reduzir as cicatrizes) ou a 89bio (que avançará com a fase 3 do ensaio clínico do medicamento Pegozafermim ainda este ano). O Rezdiffra é só o primeiro comprimido aprovado para ajudar uma doença tão prevalente – o primeiro de vários, espera-se.

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