O compromisso em tempos de cólera
Uma crise política precipitada pelo dogmatismo e pela intransigência, que leve a eleições nos próximos meses, será a melhor prenda que a esquerda pode oferecer ao Chega.
1. Pedro Nuno Santos avisa que o PS não vai aprovar um orçamento que não existe. André Ventura diz que só aprovará essa inexistência se Montenegro dialogar com o Chega, levando como contrapartida sinecuras no Governo. Montenegro, por sua vez, faz o que fazem os líderes com pouca força e destino incerto: mantendo o “não é não”, sacode o peso da sua curta vitória e fica à espera que o PS e o Chega assumam as suas “responsabilidades”. Perante um resultado eleitoral que mostra a exasperação e desconfiança de mais de um milhão de portugueses com a política e a classe política, os partidos do arco da democracia decidiram assobiar para as árvores e agir como os rapazes do recreio que não se entendem sobre quem marca o penálti. Não perceberam que, como aconteceu Europa fora, a ascensão fulgurante da extrema-direita se tornou uma ameaça existencial para eles próprios.
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