Alexandra Leitão diz que “em princípio” o PS vota contra orçamentos da AD

Coordenadora do programa eleitoral do PS admite que o partido vote com o PSD algumas políticas que os socialistas também defendem, mas as visões estratégicas orçamentais são muito diferentes.

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A deputada Alexandra Leitão coordenou o programa eleitoral com que o PS concorreu às legislativas de 10 de Março LUSA/MIGUEL A. LOPES
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Apesar dos apelos à estabilidade de alguns nomes de peso do partido como Santos Silva e Fernando Medina, a liderança de Pedro Nuno Santos não deverá dar grande espaço de manobra a Luís Montenegro. O que significa que a não inviabilização do futuro governo de Luís Montenegro será a única prova de fogo que os socialistas estão dispostos a deixar passar. Até porque, não havendo maioria de esquerda, não valeria a pena arriscar na desestabilização sem ter alternativa.

Mas, em termos de provas, será uma vez sem exemplo. Alexandra Leitão, coordenadora do programa eleitoral do PS e membro do secretariado nacional, admite que a intenção dos socialistas é votarem contra o orçamento que o governo da direita apresentar – seja o de Outubro, para 2025, ou já um rectificativo antes do Verão.

“Outra coisa serão medidas concretas, pontuais, em que, por ventura, haja até alguma similitude”, afirma a ex-ministra e actual deputada. Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro têm posições próximas na questão dos subsídios das forças de segurança e na recuperação da totalidade do tempo de serviço congelado aos professores, por exemplo, e também mostraram convergência para algumas reformas na justiça.

Um orçamento é o instrumento anual da concretização do programa do governo, uma “visão para aquele ano” da estratégia do executivo, descreve Alexandra Leitão, vincando que a visão da Aliança Democrática é “muito diferente da visão do PS para o país”. “É muito difícil o PS votar na globalidade um conjunto de medidas que representam essa visão diferente. Não haverá grande abertura para isso”, afirma, acrescentando que, “à partida, não implicará sequer uma abstenção”.

“O PS tem que se afirmar como líder da oposição, mantendo-se fiel ao seu programa, à sua visão estratégica para o país, que é diferente da da Aliança Democrática. E um orçamento da AD terá forçosamente uma visão diferente da visão do PS”, argumenta a deputada.

“Dificilmente podemos viabilizar [um Orçamento do Estado da AD], sendo que a viabilização também se faz pela abstenção”, afirma Alexandra Leitão, que foi cabeça de lista por Santarém pela terceira vez. “O que está em causa não é o voto a favor nem abstenção. Em princípio, o que está em causa é o voto contra.”

Até porque, reforça, a viabilização do orçamento representaria um apoio do PS à estratégia do governo, o que retirava “clareza” à liderança da oposição que os socialistas querem assumir para não permitirem que seja o Chega a ocupá-la, como Pedro Nuno Santos afirmou na noite eleitoral.

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