Ericeira celebra o ouriço-do-mar: um festival para comer, aprender e cuidar

A apanha do ouriço tem vindo a aumentar e o valor pago aos apanhadores também, revelam dados da Docapesca. Os organizadores do festival - que arranca dia 15 - propõem um período de defeso.

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Na Ericeira, “há abundância" mas "tem de haver uma gestão e um cuidado" Jorge Simão
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O festival inclui mostras gastronómicas com diversos chefs Jorge Simão
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O Mercado Municipal da Ericeira abre-se já a partir de dia 15 de Março a dois fins-de-semana dedicados ao ouriço-do-mar. É a 8º edição do Festival Internacional do Ouriço-do-Mar, que traz mostras gastronómicas com chefs como Luís Brito do A Ver Tavira (1 estrela Michelin) ou Paulo Alves do Praia no Parque (Lisboa) a preparar esta especialidade de interior delicioso (o que se come são as gónadas, os órgãos sexuais do animal) escondido dentro de uma carapaça espinhosa.

E precisamente porque é preciso saber abrir e tirar o melhor partido possível do ouriço-do-mar, o festival, que foi criado pelo consultor Nuno Nobre e é o organizado em parceria com a Câmara Municipal de Mafra desde 2015 (só não se realizou nos anos da pandemia), tem também uma oficina de ciência (dia 16 às 10h no piso 0 do mercado.

O objectivo do festival foi, desde o início, contribuir para a valorização daquele a que os organizadores gostam de chamar o “caviar do Atlântico” e Nuno Nobre mostra-se muito satisfeito com o resultado, apoiando-se em números que a Docapesca acaba de divulgar.

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O que se come do ouriço do mar são as gónadas, os orgãos sexuais dr

Em 2015, quando o festival arrancou, pescavam-se 17 212,70 quilos de ouriços-do-mar e o preço médio era de 1,25 euros por quilo. Os dados relativos a 2023 mostram outra realidade: pescam-se 324 645,59 quilos e o valor subiu para 5,18 euros por quilo. “Isto significa que os apanhadores estão a ser melhor remunerados pelo seu trabalho”, comenta Nuno Nobre. “E uma das coisas que pretendíamos era precisamente contribuir para esta cadeia de valor.”

Há, no entanto, uma preocupação que deve ser introduzida: “É urgente definir um período de defeso para que se disciplinar as capturas, senão apanha-se tudo e não se protege a espécie no seu ecossistema. Foi o que se passou em Malta, por exemplo, onde hoje não se pode apanhar.”

Na Ericeira, sublinha o organizador do evento, “há abundância e houve uma evolução na captura e no consumo, mas tem de haver uma gestão e um cuidado, e a nova fase do festival entra por esse campo”. Sabendo-se que “muito do marisco é comprado e vai para Espanha”, pretende-se que ele seja cada vez mais valorizado também pelo público português e “não apenas pelo chef que vai uma vez comprá-lo para aparecer na televisão ou num artigo de jornal”.

Para aprender a conhecer melhor, a respeitar, e a saber como consumir o ouriço-do-mar, o festival propõe, para além das actividades no mercado (dias 16 e 17, e 23 e 24, das 12h às 19h), a visita a um, ou mais, dos 27 restaurantes locais que aderiram à iniciativa e que apresentam formas diferentes de servir ouriços-do-mar. No dia 20 há um jantar a quatro mãos com o chef André Rebelo, do Jangada (onde acontece o jantar) e o chef Athanasios Kargatzidis, do Costa Fria, também na Ericeira.

A internacionalização está igualmente no horizonte dos organizadores (a Câmara de Mafra foi eleita como Best Tourism Village 2023 pela Organização Mundial do Turismo das Nações Unidas devido ao seu trabalho em torno da preservação da biodiversidade) e começa já este ano com uma masterclass da investigadora Sílvia Lourenço do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, no dia 25 de Abril, na escola Le Cordon Bleu Madrid, na capital espanhola.

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