Sonae sobre protesto dos jornalistas: “Respeitamos o direito à greve”
Dona do PÚBLICO considera que a greve geral dos profissionais de comunicação social “é reflexo do enorme desafio” de “reinvenção que os meios enfrentam”.
A Sonae, dona do PÚBLICO, diz que a paralisação nacional convocada pelo Sindicato dos Jornalistas para a próxima quinta-feira, 14 de Março, “é reflexo do enorme desafio que os meios de comunicação social enfrentam, não só em Portugal, como também na Europa e no mundo”.
Aquele sindicato marcou para esse dia uma greve geral destes profissionais, a primeira em 40 anos. Questionado sobre o tema, visto que é proprietária da empresa que detém o PÚBLICO, a administração respondeu, nesta quarta-feira, durante a conferência de apresentação de contas da Sonae, dizendo que se trata de um direito que deve ser respeitado.
“Respeitamos totalmente o direito à greve e nessa perspectiva o dia de amanhã [quinta-feira, 14 de Março] é de respeito da nossa parte”, disse João Günther Amaral, que está na comissão executiva do grupo e é também administrador do PÚBLICO.
A iniciativa de uma greve geral nasceu no último Congresso dos Jornalistas, tendo o sindicato dado sequência com a convocação de uma paralisação cujo objectivo é protestar contra “a insegurança no emprego, os salários baixos praticados no sector, a falta de condições de trabalho e de segurança”, na medida em que “representam um obstáculo grave ao desenvolvimento pleno da profissão de jornalista e constituem um entrave ao próprio direito dos cidadãos de serem informados livremente”.
Entre outras exigências, o manifesto da greve publicado pelo sindicato exige aumentos salariais, com efeitos retroactivos a 1 de Janeiro, já em 2024.
Sobre o tema, aquele responsável da Sonae afirma: “Também entendemos que o que está a acontecer é reflexo do enorme desafio que os meios de comunicação social enfrentam, não só em Portugal como na Europa e no mundo. E é um desafio de reinvenção, com tudo o que está a acontecer nas plataformas digitais, da canalização dos meios que estavam a ser investidos em jornais e que geravam as receitas dos jornais e de outros meios de comunicação social e que [agora] estão a ser canalizados para outros lados.”
“Estamos num momento de reinvenção do que vai ser o futuro de cada uma destas plataformas e é nesse contexto que aparece este momento, a primeira vez em 40 anos em que há uma greve de jornalistas.”
O responsável falava durante a apresentação de contas da Sonae, que reportou lucros de 354 milhões de euros, em 2023, em termos consolidados, com o principal contributo a vir do retalho. Nesse ano, o grupo desfez-se da participação que tinha no retalho de desporto, tendo vendido 30% da ISRG. Questionado sobre se para os próximos tempos vai haver alienações, o responsável financeiro, João Dolores, disse que o grupo nunca deixará de fazer uma “gestão activa do portefólio” de negócios, mas também sublinhou que a Sonae “está confortável” com esse mesmo portefólio.