Bruxelas prevê redução de PIB comunitário até 2,4 biliões devido a crise climática
Aquecimento global pode fazer o PIB da UE cair até 2,4 biliões de euros entre 2031 e 2050. Bruxelas quer mostrar que a UE é capaz de “aumentar a resistência às alterações climáticas”.
A Comissão Europeia estima uma redução de até 2,4 biliões de euros no Produto Interno Bruto (PIB) da União Europeia entre 2031 e 2050 se o aquecimento global superar de forma permanente o limiar de 1,5 graus Celsius (ºC).
"Segundo uma estimativa conservadora, o agravamento das repercussões climáticas poderá reduzir o PIB da UE em cerca de 7%, em finais do século”, referiu o executivo comunitário numa publicação sobre gestão de riscos climáticos publicada na terça-feira e apresentada pelo vice-presidente para o Pacto Verde Europeu, Maros Sefcovic, e pelo comissário europeu da Acção Climática, Wopke Hoekstra.
Estima-se que os danos anuais na Europa, por inundações costeiras, possam superar 1,6 biliões de euros em 2100, com 3,9 milhões de pessoas expostas a esse fenómeno em cada ano.
O documento foi publicado em resposta à primeira Avaliação Europeia de Riscos Climáticos, uma publicação científica da Agência Europeia do Meio Ambiente, que adverte que a Europa é o continente que “mais rapidamente aquece no mundo” e que muitos dos riscos climáticos que enfrenta já alcançaram níveis “críticos” e poderão ser “catastróficos”, se não forem tomadas medidas “urgentes e decisivas”.
"Esta avaliação dá outro sinal de alarme, se era preciso mais algum”, reconheceu Sefcovic, acrescentando que a advertência “serve de pouco se não for acompanhada de uma resposta”.
A Comissão faz um apelo para a acção a todos os níveis em quatro domínios principais, enquanto convida os Estados membros a aplicarem as políticas existentes e a actualizarem os planos nacionais de energia e clima previstos para Junho.
O objectivo de Bruxelas é mostrar que a UE pode antecipar-se eficazmente aos riscos e aumentar a sua resistência às alterações climáticas, para o que propõe estreitar a cooperação institucional em matéria climática, promover uma melhor compreensão das correlações entre riscos climáticos, inversão e estratégias de financiamento a longo prazo, aproveitar as políticas estruturais e garantir as condições adequadas para financiar a resiliência climática.
Em relação a este último ponto, a Comissão considera “crucial” canalizar financiamento suficiente para a resiliência climática, tanto pública, como privada, para o que se mostrou disposta a ajudar os Estados membros a melhorar e integrar o risco climático nos processos orçamentais nacionais.
Para garantir que a despesa da UE seja resistente às alterações climáticas, Bruxelas também se comprometeu a integrar considerações de adaptação ao clima na execução dos programas e actividades da UE.