Europa deve estar preparada para os “riscos catastróficos” da crise climática

Agência Europeia do Ambiente alerta países para riscos climáticos “catastróficos”, que vão desde inundações a ondas de calor mortais. A Europa aquece duas vezes mais rápido do que o ritmo global.

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Valência foi uma das várias regiões espanholas que enfrentou ondas de calor em 2023 MANUEL BRUQUE/EPA
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Os países da Europa devem preparar-se para riscos "catastróficos", que vão desde inundações a ondas de calor mortais, à medida que o agravamento das alterações climáticas atinge transversalmente economias e sociedades neste século, afirmou nesta segunda-feira a Agência Europeia do Ambiente (AEA).

Os decisores políticos têm de elaborar novos planos para enfrentar os desafios, afirmou a entidade sediada em Copenhaga na primeira análise dos riscos relacionados com o clima a nível europeu.

A Europa é o continente que regista o aquecimento mais rápido do mundo, aquecendo duas vezes mais rapidamente do que o ritmo global, segundo a AEA. Mesmo que os países consigam abrandar o aquecimento, as temperaturas globais já são mais de 1ºC mais elevadas do que na era pré-industrial.

A AEA afirmou que os danos dependerão, em parte, da acção imediata dos decisores políticos para preparar as sociedades — por exemplo, melhorando a cobertura dos seguros, redesenhando as infra-estruturas e introduzindo leis para proteger os trabalhadores ao ar livre do calor mortal.

Sem uma acção robusta e urgente, a AEA afirmou que a maioria dos 36 riscos climáticos que a Europa enfrenta pode atingir "níveis críticos ou catastróficos" neste século. Estas ameaças incluem riscos para a saúde, a produção agrícola e as infra-estruturas.

Num cenário pessimista, até ao final do século, a AEA afirmou que "centenas de milhares de pessoas morreriam devido a ondas de calor e as perdas económicas causadas apenas pelas inundações costeiras poderiam exceder mil milhões de euros por ano". Este valor excederia em muito os 650 mil milhões de euros perdidos devido a fenómenos meteorológicos e climáticos extremos em todo o bloco entre 1980 e 2022.

Kate Levick, directora associada do grupo de reflexão sobre o clima E3G, exortou os governos a responderem às conclusões da AEA. "Os ministros das finanças têm um papel especial a desempenhar na análise do que acontece aos balanços, em termos de activos e passivos a nível nacional, em resultado do risco climático", afirmou Levick.

A Comissão Europeia deverá publicar uma resposta ao relatório na terça-feira, dia 12 de Março.