Azinheiras, sobreiros e zambujeiros vêm tornar o Parque do Côa mais resistente ao fogo

Candidatura aprovada para a plantação de árvores autóctones no Parque Arqueológico do Vale do Côa vai tornar os núcleos rupestres da Canada do Inferno e da Penascosa mais resitentes à crise climática.

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A Fundação Côa Parque, que gere o Museu do Côa, viu aprovada uma candidatura de 260 mil euros destinada à plantação de espécies arbóreas autóctones nos núcleos rupestres da Canada do Inferno e da Penascosa Adriano Miranda
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A Fundação Côa Parque viu aprovada uma candidatura de 260 mil euros destinada não só a acções de sensibilização, mas também à plantação de espécies arbóreas autóctones nos núcleos rupestres da Canada do Inferno e da Penascosa.

A presidente da fundação, Aida Carvalho, disse que foi apresentada com sucesso uma candidatura à linha de Assistência à Recuperação para a Coesão e os Territórios da Europa (REACT-EU), o que vai permitir a plantação de espécies resilientes ao fogo nestes dois sítios emblemáticos da arte rupestre do Paleolítico Superior, com mais de 25 mil anos.

A acção no terreno vai começar esta segunda-feira, prolongando-se até quinta-feira, e conta com o apoio da Força de Sapadores dos Bombeiros Florestais do Instituto da Conservação da Natureza e da Florestas (ICNF). A equipa vai realizar acções de sensibilização e a plantação de espécies arbóreas autóctones nestes dois núcleos, tornando os sítios de arte do Paleolítico Superior mais resilientes ao fogo e às intempéries.

"Pretendemos desta forma criar mais zonas de sombra já que a Canada do Inferno e a Penascosa são dois dos sítios mais visitados do Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC), e evitar que o fogo deixe uma marca negra neste valioso património universal e da humanidade", indicou Aida Carvalho.

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Visita nocturna ao núcleo de arte rupestre da Penascosa, junto a aldeia de Castelo Melhor, em Vila Nova de Foz Côa Rui Gaudêncio

O núcleo de arte rupestre da Canada do Inferno tem seis rochas visitáveis e cerca de 40 submersas no rio Côa, um afluente do Douro. Já em Penascosa há oito rochas visitáveis com motivos picotados há 30 mil anos que representam a fauna deste território.

Este projecto teve o seu início com a monitorização topográfica e geofísica dos locais e com colocação de sensores e de uma estação meteorológica para melhor acompanhamento e análise dos dados de humidade, temperatura e actividade sísmica. Depois, será efectuada a estabilização de escombreiras resultantes das obras da barragem do Alto Côa, suspensas em 1996, que deixaram uma marca neste território.

"Para realizar a plantação destas espécies foram colocados sedimentos na base da escombreira e agora estamos na fase de plantação de espécies autóctones neste dois locais", acrescentou Aida Carvalho.

Azinheiras, sobreiros e zambujeiros

Já Sandra Sarmento, directora regional do Norte do ICNF disse que esta iniciativa tem em vista a reflorestação de uma zona importante do ponto de vista da biodiversidade como é Vale do Côa. Segundo a responsável, as espécies que vão ser utilizadas na reflorestação destes dois sítios são azinheiras, sobreiros e zambujeiros. Junto às linhas de água serão plantados salgueiros e amieiros.

"Estamos a falar em zonas com tendência para a desertificação e assim pretendemos melhorar este local em termos ecológicos e paisagísticos. Este é um projecto que nos deixa satisfeitos numa ligação com a biodiversidade, cultura e património", frisou Sandra Sarmento.

O PAVC detém mais de mil rochas com manifestações rupestres, identificadas em mais de 80 sítios distintos, sendo predominantes as gravuras paleolíticas, executadas há cerca de 30.000 anos, cada vez mais expostas a adversidades climáticas e geológicas.

Este parque arqueológico foi criado em Agosto de 1996. A arte do Côa foi classificada como Monumento Nacional em 1997 e, em 1998, como Património Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

Como uma imensa galeria ao ar livre, o Vale do Côa apresenta mais de 1200 rochas, distribuídas por 20 mil hectares de terreno com manifestações rupestres, sendo predominantes as gravuras paleolíticas, executadas há mais de 25.000 anos.