Ela apareceu-nos.
Ou assim parece, tal a confiança e a força da visão que Ana Lua Caiano traz à música portuguesa logo ao primeiro álbum.
Vou Ficar Neste Quadrado, sucessor de dois promissores EP, será editado para a semana, pela influente editora Glitterbeat, casa alemã atenta às movimentações de quem trabalha tradições musicais para fazer delas presente vivo, excitante. E "aquilo que Caiano demonstrou de imediato foi o quanto a linguagem da música tradicional em nada chocava com uma contemporaneidade pop". Nela confluem cânticos, bombos, pandeiretas, adufes, electrónica e outras aventuras (como o som de fitas métricas).
Ao longo dos últimos meses, Gonçalo Frota (texto) e Joana Gonçalves (vídeo) acompanharam alguns momentos da gravação de Vou Ficar Neste Quadrado. Nuno Ferreira Santos fez as (belíssimas) fotografias.
Mais bela música portuguesa, esta a de um veterano: Rafael Toral tem um novo (e fabuloso) disco. Como nos explica, Spectral Evolution é o início de uma nova fase na sua carreira, um regresso à guitarra, em diálogo com os seus instrumentos electrónicos.
Ainda na música, temos nesta edição uma conversa com os Idles, aproveitando a recente passagem da banda pelo Porto. Há neles uma inquietude perante um mundo a precisar de obras. "Estamos perdidos e o medo leva ao desamor", lamenta o vocalista Joe Talbot.
Sofia Coppola e Priscilla Beaulieu têm algo em comum: pertencem a uma certa "realeza" americana. Juntam-se num filme, Sofia a realizá-lo, Priscilla a dar a sua história, a da namorada e mulher de Elvis Presley. Para muitos, Priscilla é o regresso à melhor forma de Coppola. A história de Priscilla e Elvis é muito menos romântica do que parece, diz-nos a realizadora.
Chegaram a referir-se-lhe como "o romance perdido" de "Gabo", mas esteve sempre bem guardado pelos seus herdeiros. Eles cometeram uma espécie de traição – e por isso temos agora o livro. Isabel Lucas leu Vemo-nos em Agosto, o romance inédito de Gabriel García Márquez (1927-2014) que foi lançado mundialmente esta semana. Um texto que foi uma resistência do Nobel colombiano à perda de memória e de acuidade que se apoderou dele nos últimos anos da vida.
"Tenho imensas memórias de pessoas extraordinárias, algumas mesmo que eu condenei por crimes sérios", confessa Álvaro Laborinho Lúcio, antigo juiz, advogado e ministro, actualmente escritor e defensor de causas, numa conversa com José Riço Direitinho sobre o seu livro, A Vida na Selva. Vale a pena ouvi-lo reflectir sobre as dualidades do direito (bem, mal; inocente, culpado) e sobre como elas não reflectem o mundo. "A verdadeira essência da condição humana está no caos, não na norma."
Também neste Ípsilon:
- Tiago Guedes e o filme Diálogos Depois do Fim;
- Mais filmes em estreia: Yannick, American Fiction, Culpado – Inocente – Monstro, entre outras;
- Ana Manso e uma pintura que escapa às formas;
- Os novos discos de Nancy Vieira (que entrevistámos), Ivandro e Kim Gordon
E há mais. Boas leituras!
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