MotoGP 2024: o “novo” Miguel Oliveira, o “velho” Márquez e o mesmo Bagnaia

O Qatar recebe o Mundial de MotoGP com Bagnaia em busca do “tri”, a Honda sem Márquez e os EUA a seguirem Miguel Oliveira.

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Miguel Oliveira dispõe agora de uma mota mais competitiva
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Depois de um verdadeiro annus horribilis para Miguel Oliveira, marcado por acidentes e lesões, 2024 traz perspectivas de uma vida nova, numa equipa igualmente nova e com a ambição de projectar o MotoGP nos Estados Unidos... E, mais importante, com uma Aprilia oficial, actualizada e com “esteróides” que traduzem um salto evolutivo de dois anos, passando de uma mota de 2022 para a mesmíssima RS-GP24 da equipa de fábrica.

Para trás fica a experiência com a CryptoData RNF, para esquecer e substituir pela norte-americana Trackhouse Racing MotoGP — propriedade do antigo piloto Justin Marks e do rapper e actor cubano Pitbull (Armando Christian Pérez). Uma lufada de ar fresco, com o toque de modernidade necessário para apelar ao público do Novo Mundo e a dedicação indispensável para emprestar o MotoGP toda a experiência acumulada na NASCAR Cup Series.

Uma aposta que conta com o italiano Davide Brivio como director desportivo (recém-chegado à equipa, depois de uma passagem pela Fórmula 1, nos quadros da Alpine). Resumindo, a Trackhouse junta ao investimento e estrutura dos norte-americanos uma mota italiana e dois pilotos ibéricos: Miguel Oliveira e o espanhol Raúl Fernández, tocando e seduzindo um mercado global em que Miguel Oliveira (em final de contrato) espera poder brilhar.

Pelo teor das declarações de Miguel Oliveira, infere-se facilmente que o “falcão” de Almada está entusiasmado com as condições de que disporá, mas também focado e “psicologicamente blindado” para um ano que proporcionará muita agitação no que diz respeito a contratos.

“O arranque é sempre especial. Estamos motivados e optimistas. Depois dos testes, visamos uma evolução no arranque de temporada” disse o português em declarações à SportTV.

“As sensações são muito diferentes da mota de 2022. A RS-GP24 permite fazer muito mais coisas e andar bastante mais rápido. Do primeiro para o segundo dia, melhorei 2.1 ou 2.2 segundos. Foi um teste em crescendo, ainda com a equipa oficial concentrada nos seus pilotos (Aleix Espargaró e Maverick Viñales), e naturalmente sem muita ajuda. Mas, agora com a ajuda para afinar e dar os últimos retoques na mota, que tem um grande potencial e nos deixa ansiosos para começar e saber o que podemos fazer este ano”.

Bagnaia em busca do “tri”

Sem grande controvérsia, o bicampeão Francesco Bagnaia, que renovou por dois anos (até 2026) com a Ducati dois dias antes do arranque da temporada, é o principal candidato à conquista do título na categoria rainha do motociclismo. Os testes realizados no Qatar, primeira prova de 2024, confirmaram-no, com o italiano a mostrar-se insuperável. No horizonte de Pecco Bagnaia está a inscrição do nome num restrito clube de pilotos com pelo menos três títulos mundiais consecutivos.

A saber: os britânicos Geoff Duke, John Surtees e Mike Hailwood; os italianos Giacomo Agostini e Valentino Rossi, os norte-americanos Kenny Roberts e Wayne Rainey, o australiano Michael Doohan e o espanhol Marc Márquez. Ainda assim, Bagnaia espera uma concorrência forte e muitos pilotos rápidos, numa época (a quarta na Ducati) intensa.

Nesse aspecto, muitos aguardam com grande expectativa o “velho” Marc Márquez, agora aos comandos de uma Ducati, depois de 12 anos na Honda. Velho no sentido de poder mostrar as capacidades que lhe renderam seis títulos mundiais na marca nipónica, agora com uma mota competitiva.

Marc Márquez, que forma equipa com o irmão Álex, na Gresini Racing, mostra-se prudente e lembra que, ao contrário de pilotos como Bagnaia, Martín ou Bastianini, ainda precisa de um período de adaptação e ao estilo de pilotagem da Ducati para poder “puxar ao máximo”.

“Realisticamente, ainda estou longe de outros pilotos da Ducati. Passo a passo tentarei aproximar-me”, disse o espanhol no final dos testes, deixando apenas uma ressalva em forma de aviso: “Em corrida pode ser que seja diferente”.

Atentos ao “rookie” Acosta

Em condições normais, o título de “rookie” do ano já tem dono. O campeão mundial de Moto2, o espanhol Pedro Acosta, de 19 anos, é a única cara nova do pelotão, integrando a Red Bull GasGas Tech3, onde substitui o compatriota Pol Espargaró.

Os tempos nos testes deixam margem para algum optimismo, a confirmar numa temporada longa, com 21 sprints e 21 corridas que, depois do Qatar, passam por Portimão, segunda corrida de 2024 (24 de Março), antes de rumar aos Estados Unidos, seguindo-se 11 provas na Europa, com a novidade do Cazaquistão. No mapa do Mundial estão ainda a Índia, Indonésia, Japão, Austrália, Tailândia e Malásia... antes do regresso, para o fecho de 2024, a Valência. Riscado, devido à instabilidade política, foi o GP da Argentina.

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