Grande Barreira de Coral da Austrália sofre um intenso branqueamento de corais
O World Wide Fund for Nature – Austrália afirmou que o quinto episódio de branqueamento em massa em oito anos mostra que as alterações climáticas estão a exercer uma “enorme pressão” sobre o recife.
A Grande Barreira de Corais da Austrália foi atingida por um grave episódio de branqueamento de corais, com os resultados consistentes com os padrões de stress térmico que se acumularam durante o Verão no local biologicamente diverso, disse uma agência governamental nesta sexta-feira.
A Autoridade do Parque Marinho da Grande Barreira de Coral (GBRMPA, na sigla em inglês), a agência encarregada de monitorizar a saúde do recife, confirmou que "um evento de branqueamento de coral generalizado, muitas vezes chamado 'massa', está a desenrolar-se" em todo o recife.
"Embora as inspecções aéreas da área estejam a mostrar que o branqueamento dos corais é extenso nas áreas de águas pouco profundas, vamos precisar de realizar levantamentos na água para confirmar a gravidade do branqueamento dos corais e também qual é o intervalo de profundidade", disse Roger Beeden, cientista-chefe da GBRMPA, numa mensagem de vídeo.
Beeden disse que o branqueamento vem na sequência de relatórios semelhantes sobre recifes em todo o mundo devido às elevadas temperaturas da superfície do mar, principalmente devido às alterações climáticas, mas amplificadas pelos impactos do fenómeno El Niño, que normalmente resulta em águas oceânicas mais quentes.
A notícia surge depois de a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA, na sigla em inglês) ter afirmado, no início desta semana, que o mundo estava à beira de um quarto episódio de branqueamento maciço de corais, que poderia provocar a morte de vastas áreas de recifes tropicais, incluindo partes da Grande Barreira de Coral.
O World Wide Fund for Nature – Austrália afirmou que o quinto episódio de branqueamento em massa em oito anos mostra que as alterações climáticas estão a exercer uma "enorme pressão" sobre o recife.
"O WWF está muito preocupado com o facto de este fenómeno de branqueamento estar a ocorrer numa área onde os corais não foram anteriormente expostos a estas temperaturas extremas. A menos que se registe uma descida significativa das temperaturas nas próximas semanas, o risco de uma mortalidade significativa dos corais é elevado", afirmou Richard Leck, director dos Oceanos da WWF-Austrália, em comunicado.
O branqueamento faz com que os corais expulsem as algas coloridas que vivem nos seus tecidos e fiquem brancos. Os corais podem sobreviver a um evento de branqueamento, mas este pode atrasar o crescimento e afectar a reprodução.
A Austrália tem vindo a fazer lobby há anos para manter o recife – que contribui com cerca de seis mil milhões de dólares australianos (3,6 mil milhões de euros) para a economia e sustenta 64.000 postos de trabalho – fora da lista de ameaçados da UNESCO, uma vez que isso poderia levar à perda do estatuto de património, tirando algum brilho à sua atracção para os turistas.