Pedro Nuno apela aos indecisos e eleitores desiludidos com o PS: “Confiem em mim”

Socialistas apertam apelo ao voto útil, mas também aos eleitores flutuantes que há dois anos permitiram a maioria absoluta. Vitorino avisa: voto de protesto é um grito de alma, mas não resolve nada.

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Pedro Nuno Santos durante a arruada do PS em Santa Catarina, no Porto Daniel Rocha
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Não chegam os eleitores socialistas fiéis para conseguir uma vitória no domingo, sabe Pedro Nuno Santos, que nestes dois últimos dias moldou o seu discurso de apelo ao voto em torno dos indecisos e de quem votou PS em 2022, mas se desiludiu entretanto. António Costa falou, no Porto, aos indecisos e Carlos César, em Coimbra, aos que não sabiam por que votar no PS, e o secretário-geral dirige-se agora directamente aos que há dois anos votaram no partido e que os dados mais finos das últimas sondagens mostram estarem indecisos (praticamente um quinto) ou tencionarem votar na AD e Chega (quase outro quinto).

"[Quero] falar para essa larga maioria invisível que tem muita memória, mas não tem voz na televisão nem nas redes sociais e está sub-representada nas sondagens, que votou no PS em 2022 e que nós queremos que volte a votar no PS para que não se dê um passo atrás", afirmou o secretário-geral, num almoço-comício em Marco de Canaveses para cerca de 800 apoiantes (ideia que voltou a repetir no final da concorrida e molhada arruada de Santa Catarina).

As sondagens de Janeiro de 2022 apontavam para um empate entre o PSD e o PS, mas os socialistas acabaram a noite eleitoral com a surpresa de uma maioria absoluta, à custa do Bloco e do PCP (devido ao voto útil) e do PSD (dos sociais-democratas que não queriam acordos com o Chega). Ou seja, um eleitorado volátil, de circunstância.

"Aos que votaram no PS em 2022, digo: sabemos as dificuldades destes dois anos, com a crise inflacionista" ainda na sequência da pandemia e agravada pela guerra na Ucrânia. "Mas nós conseguimos ultrapassá-la sem atingir quem trabalha e quem trabalhou uma vida inteira", salientou. "Confiem em mim e no PS. Não fiquem em casa a 10 de Março."

Depois da insistência no voto dos reformados, falando permanentemente do aumento de pensões, também continua na caça ao voto útil à esquerda, avisando: "O nosso adversário é a AD. Há muitos avanços que muitos partidos querem que só vão acontecer se o PS vencer. É isso que neste momento está em causa e nós só conseguimos derrotar a AD se houver uma concentração de votos no PS."

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Pedro Nuno Santos com António Vitorino Daniel Rocha

Esta percepção é geral no PS: em Aveiro, António Vitorino regressou às lides dos comícios e avisou quem não tenciona votar que isso é "desistir da democracia" e que votar é aperfeiçoá-la. "Aos que querem fazer voto de protesto temos que dizer que a eficácia desse voto esgota-se no momento em que é feito na cabina. Pode ser um grito de alma, mas não vai contribuir para resolver nenhum problema, como aqueles que estão a levar as pessoas a votar na extrema-direita radical, racista, xenófoba e anti-democrática", apontou o antigo ministro socialista.

Que vincou: "Temos que explicar aos nossos concidadãos que estes não são tempos para dar tiros no escuro, para fazer apostas cegas e que o voto deve ser no PS para garantir estabilidade governativa, diálogo social e um inquebrantável compromisso com o projecto europeu."

Em Marco de Canaveses, o cabeça de lista pelo Porto, Francisco Assis, deixou de lado as promessas para o distrito e a defesa da governação de Costa (alguém que tanto contestou) e concentrou atenções em Pedro Nuno com um discurso de rasgados elogios sobre o seu carácter. Foi uma resposta aos ataques da AD, mas também um recado para as hostes socialistas, que tem peso redobrado por vir de alguém que no passado foi crítico do novo secretário-geral.

Frontalidade, coragem, autonomia, determinação, decência – Assis não poupou nos adjectivos de peso. Enalteceu o “discurso pela positiva” do PS contra o “discurso do medo” dos adversários. E pegou no lema da equipa de hóquei em patins de Marco de Canaveses, impresso em letras enormes na bancada – Lutar: sempre. Desistir: nunca" – para pedir a mobilização total dos autarcas até domingo.

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