EUA querem porto temporário para entrada de ajuda em Gaza

Fontes americanas antecipam-se a discurso de Joe Biden. Fontes israelitas já disseram que o Governo concorda.

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Palestinianos junto ao mar, em Rafah REUTERS/Mohammed Salem
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Os Estados Unidos vão fazer um porto temporária para a entrada de ajuda em Gaza, disseram fontes norte-americanas citadas em vários media norte-americanos. Do lado israelita, fontes disseram, sob anonimato, que isso será feito com toda a coordenação do seu lado.

O anúncio formal deveria ser feito no discurso do Estado da União pelo Presidente, Joe Biden.

Numa sessão de esclarecimento com jornalistas, responsáveis dos Estados Unidos indicam ainda que não haverá presença de soldados norte-americanos no terreno na Faixa de Gaza, que o porto será construído a partir do mar, e que a carga virá de Chipre, segundo o site norte-americano Axios. O diário israelita Haaretz escreveu que a distribuição será feita pela ONU e outras agências humanitárias.

Antes, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tinha posto a hipótese de envio de ajuda para Gaza por via marítima a partir de Chipre.

A situação de fome em Gaza é grave e já morreram pelo menos 20 pessoas, muitas delas crianças, devido à falta de alimentos ou água, disse esta quinta-feira o gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) numa publicação na rede social X (antigo Twitter).

Israel continua a dizer, e repetiu esta quinta-feira, que “não há limites à entrada de ajuda”, mas sim má distribuição, recusando afirmações de agências humanitárias e até de aliados como os Estados Unidos que têm pedido a entrada de mais ajuda. O OCHA disse que durante o mês de Fevereiro as autoridades israelitas apenas autorizaram seis das 24 missões planeadas para o Norte da Faixa de Gaza.

O ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, David Cameron, afirmou que é preciso que entrem 500 camiões por dia, cita a Al-Jazeera (quando há uma média de 150/dia a entrar, segundo informou recentemente o Programa Alimentar Mundial, que dizia serem precisos 300, citado pela Reuters).

Enquanto isso, diminui a esperança para um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza ainda antes do início do Ramadão, com a saída do Cairo da delegação do Hamas.

A delegação tem regresso previsto para segunda-feira, mas há relatos de mais exigências da parte do movimento palestiniano. Em cima da mesa estaria um acordo para um cessar-fogo de seis semanas e a libertação de 400 pessoas presas em Israel e 40 israelitas reféns na Faixa de Gaza.

Fontes americanas disseram que o Hamas não concordou em libertar reféns mais velhos e doentes, segundo o Haaretz, enquanto o diário norte-americano The Wall Street Journal escreve que o chefe do Hamas em Gaza, Yahya Sinwar, passou a pedir não só um cessar-fogo mas a retirada das forças israelitas de toda a Faixa de Gaza, uma exigência maior que seria explicada, segundo mediadores egípcios, por sentir que está fortalecido com o aumento da pressão dos EUA sobre Israel e pelas divisões internas.

Estas exigências marcam, pelo seu lado, diferenças entre a liderança do Hamas fora de Gaza, mais favorável a um acordo, e no interior, menos favorável.

Notícia alterada a 8.3.2024, foi substituído o termo "doca" por "porto".

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