Viúva de Navalny apela a protesto contra Putin no dia das eleições

Opositores do regime russo planeiam concentrar-se em simultâneo nos locais de voto em protesto contra o Kremlin no dia 17.

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Yulia Navalnaya disse que quer assumir o trabalho do marido Reuters/Johanna Geron
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Yulia Navalnaya, a viúva do opositor russo Alexei Navalny, apelou aos seus apoiantes para que participem num protesto contra o regime de Vladimir Putin durante o dia das eleições presidenciais, a 17 de Março.

A opositora referiu-se especificamente a uma modalidade de protesto que já tinha sido proposta por Navalny pouco antes da sua morte. Para não correr o risco de detenções – as manifestações não autorizadas são fortemente punidas na Rússia –, a ideia de Navalny é que as pessoas se concentrem em simultâneo ao meio-dia nos seus locais de voto.

“Precisamos de usar o dia das eleições para mostrar que existimos e que somos muitos. Somos pessoas reais, vivas, e estamos contra Putin”, afirmou Navalnaya através de um vídeo divulgado através do YouTube. "Esta é uma acção muito simples e segura, não pode ser proibida e irá ajudar milhões de pessoas a ver outras com as mesmas opiniões e a perceber que não estamos sozinhos", disse.

A Rússia vai ter eleições presidenciais no dia 17, esperando-se que Putin seja reeleito com facilidade. A concorrer contra o homem que domina o Kremlin há mais de duas décadas estão outros três candidatos vistos como apoiantes tácitos do regime.

A candidatura de Boris Nadezhdin, que é crítico da invasão da Ucrânia e se apresentava como representante da oposição a Putin, foi chumbada pela comissão eleitoral que apontou irregularidades na recolha de assinaturas.

“O que fazer a seguir? A escolha é vossa. Podem votar em qualquer um dos candidatos que não seja Putin. Podem estragar o boletim, podem escrever ‘Navalny’ em letras garrafais”, disse Navalnaya. “E, mesmo que não vejam qualquer sentido em votar, podem simplesmente aparecer no local de voto e voltar para casa a seguir”, acrescentou.

Navalnaya assumiu a responsabilidade de continuar o trabalho do marido, que há mais de uma década se impunha como o principal rosto da oposição a Putin. Navalny morreu no mês passado na colónia penal no Círculo Polar Árctico onde cumpria uma longa pena de prisão por crimes que o próprio encarava como politicamente motivados.

A viúva e os seus apoiantes responsabilizam o Kremlin pela morte do activista político. O Governo russo rejeita todas as acusações e o certificado de óbito oficial concluiu que Navalny morreu de causas naturais.