Nikki Haley abandona corrida à Casa Branca e não declara apoio a Trump
Antiga embaixadora dos Estados Unidos na ONU manteve-se na corrida até à “superterça-feira”. Derrotas nas votações em 14 dos 15 estados que foram a votos tornaram a sua permanência insustentável.
Nikki Haley, a única adversária de peso de Donald Trump nas eleições primárias para a escolha do candidato do Partido Republicano à próxima eleição presidencial nos Estados Unidos, anunciou o fim da sua campanha eleitoral esta quarta-feira.
Haley, uma antiga governadora da Carolina do Sul e ex-embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, de 52 anos, venceu apenas duas votações desde o início do calendário das primárias republicanas, a 15 de Janeiro.
Em ambos os casos — em Washington D.C., no domingo, e no Vermont, na terça-feira —, a candidata beneficiou de um eleitorado republicano menos conservador e menos fiel a Trump do que noutras zonas do país, o que lhe dava, à partida, boas hipóteses de vencer.
Ainda assim, na terça-feira, Haley foi derrotada de forma clara em 14 estados, incluindo no Massachusetts, onde se esperava que a candidata pudesse causar uma surpresa. No final, o ex-Presidente dos EUA venceu no Massachusetts com mais 23 pontos do que Haley.
"Cabe agora a Donald Trump conquistar os votos dos eleitores do nosso partido que não o apoiaram, e eu espero que ele consiga fazer isso", disse Haley, numa declaração feita a partir de Charleston, na Carolina do Sul, que ficou aquém de uma declaração formal de apoio a Trump. "A escolha é dele", afirmou a republicana.
Apoio considerável
Nas eleições de terça-feira — uma “superterça-feira”, com votações em 15 estados norte-americanos no mesmo dia —, Haley venceu Trump no Vermont com 50% dos votos, contra 46% do ex-Presidente dos EUA.
Nas restantes votações, a republicana obteve entre 12% no Alasca e 41% no Utah, com vários resultados na casa dos 20% e dos 30% — um apoio considerável perante o líder incontestado do Partido Republicano e que pode comprometer o desejo de Trump de regressar à Casa Branca na eleição de Novembro.
Não é possível, nesta altura, saber quantos dos 20% a 30% de republicanos e independentes que votaram em Haley em várias eleições primárias fazem parte de um eleitorado convictamente anti-Trump; quantos vão votar em Trump em Novembro, por não admitirem a hipótese de votar no provável candidato do Partido Democrata, Joe Biden; quantos vão votar em Biden; e quantos vão optar pela abstenção na eleição geral.
Certo é que o ex-Presidente dos EUA precisa da grande maioria dos votos conquistados por Haley durante as primárias para derrotar Biden em Novembro.
Nomeação garantida
Com a saída de Haley, Trump fica sozinho na corrida à nomeação como candidato do Partido Republicano, o que vai acontecer pela terceira vez consecutiva, depois dos seus triunfos nas primárias republicanas de 2016 e 2020.
Quando faltam ainda distribuir algumas dezenas de delegados que estavam em jogo na “superterça-feira”, o ex-Presidente dos EUA soma já 995 — menos 220 do que os necessários para ser considerado o presumível nomeado do seu partido.
Segundo o calendário das primárias, Trump poderá conquistar os 1215 delegados necessários já na próxima terça-feira, após votações na Georgia, no Mississíppi, no estado de Washington e no Havai, onde estão em jogo 161 delegados.
Se isso não acontecer, é certo que a nomeação será assegurada a 19 de Março, dia em que a Florida e o Ohio, entre outros estados, realizam as suas primárias.
Depois de atingir o número mágico de 1215, Trump vai continuar a somar delegados até ao fim das eleições primárias, no início do Verão. Depois disso, ficará apenas a faltar o carimbo oficial da nomeação, o que vai acontecer na Convenção Nacional do Partido Republicano, em meados de Julho.
Biden quase certo
No lado do Partido Democrata, Biden ficou também muito perto de assegurar o número de delegados que lhe permitirá apresentar-se como o presumível nomeado do seu partido à eleição presidencial de Novembro.
Na “superterça-feira", o Presidente dos EUA — que, ao contrário de Trump, nunca teve qualquer oposição de relevo nas primárias — venceu em todos os estados que foram a votos.
A única derrota do dia — e a primeira desde o início das primárias — aconteceu na Samoa Americana, um território administrado pelos EUA e que também participa na escolha dos candidatos à Casa Branca. Nesta votação, Biden ficou atrás de Jason Palmer, um desconhecido empresário do Maryland.