Excerto de Vemo-nos em Agosto, romance inédito de Gabriel García Márquez
No dia em que o Nobel da Literatura colombiano faria 97 anos, dez anos depois da sua morte, é lançado mundialmente este romance póstumo. Em Portugal, chega às livrarias numa edição da Dom Quixote.
Voltou à ilha na sexta-feira 16 de agosto no ferry das três da tarde. Trazia jeans, camisa aos quadrados escoceses, sapatos simples de salto raso e sem meias, uma sombrinha de cetim, a mala e, como única bagagem, um saco de praia. Na fila dos táxis do molhe foi direita a um modelo velho carcomido pelo salitre. O taxista recebeu-a com um cumprimento de amigo e levou-a aos solavancos através da aldeia indigente, com casas de pau a pique, telhados de palmeira amarga e ruas de areia ardente frente a um mar em chamas. Teve de fazer cabriolas para evitar os porcos impávidos e as crianças nuas que se esquivavam dele com passes de toureiro. No fim da aldeia enfiou por uma avenida de palmeiras reais onde ficavam as praias e os hotéis de turismo, entre o mar aberto e uma lagoa interior povoada de garças azuis. Parou por fim no hotel mais velho e desmerecido.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.