Ouro bate recorde nos 2135,40 dólares por onça
Expectativa de corte nas taxas de juro nos Estados Unidos e tensões geopolíticas levam a aumento da procura por activo “refúgio”.
O preço do ouro atingiu um máximo histórico esta sexta-feira, nos 2127,99 dólares por onça, acima do valor de 2135,40 dólares que havia sido atingido em Dezembro.
O novo recorde deste metal precioso, que é visto como um refúgio em tempos de instabilidade, está a ser atribuído à expectativa dos investidores de que o banco central norte-americano, a Fed, poderá cortar as taxas de juro em Junho, tornando mais atractivo o investimento neste activo do que noutros que possam ser afectados pelo enfraquecimento do dólar.
Além da alteração da política monetária da Fed, nos mercados teme-se ainda os efeitos da instabilidade no Médio Oriente. “Não ficaríamos surpreendidos se o ouro limitasse alguns destes ganhos se a Fed viesse afastar a ideia de cortes iminentes [nos juros]; mas assim que os cortes forem confirmados, podemos esperar que o ouro passe a transaccionar-se a valores significativamente mais altos”, afirmou um especialista em matérias-primas ouvido pela Reuters.
“Com os riscos geopolíticos que emanam da situação no Mar Vermelho e com um ano com um calendário de eleições intenso a nível global, é provável que continuemos a assistir ao aumento da procura por ouro”, acrescentou.
Na segunda-feira, o presidente da Reserva Federal de Atlanta, Raphael Bostic, reiterou que a Fed não está sob pressão para descer as taxas de juro, que se encontram num intervalo entre 5,25% e 5,5%, atendendo ao dinamismo da economia e do mercado de trabalho.
Depois de terem subido acentuadamente entre 2022 e 2023 para conter a inflação, as taxas de juro norte-americanas estabilizaram no final do Verão passado.
No comunicado divulgado em Janeiro, quando anunciou que manteria os juros inalterados, a Fed alertou que “as perspectivas económicas são incertas e o comité [de política monetária] continua muito atento aos riscos de inflação”.
O valor das taxas continuou igual porque o comité não considerou “apropriado” reduzir aquele intervalo sem haver “maior confiança de que a inflação está a evoluir de forma sustentável para 2%”.
Segundo a Reuters, na segunda-feira, Raphael Bostic considerou prováveis dois movimentos de redução de juros de 0,25 pontos até o final deste ano, embora tenha admitido que a Fed caminha “numa linha fina” e que tem de garantir que a situação económica não evolui para novas pressões inflacionistas.