Expedição portuguesa à Antárctida recolheu dados de “elevado potencial científico”
Foi a primeira expedição portuguesa de veleiro à Antárctida. Para o futuro, o coordenador da campanha defende expedições de mais tempo e concentradas em menos locais.
Uma expedição científica portuguesa na Antárctida recolheu dados de “elevado potencial científico”, tendo os cientistas já regressado a Portugal, informou a Universidade de Lisboa, que coordena o Programa Polar Português.
A campanha contemplou duas semanas a bordo de um veleiro na Península Antárctica, para fazer observações e recolha de amostras para estudo sobretudo dos efeitos das alterações climáticas nas zonas costeiras da região.
Gonçalo Vieira, coordenador da expedição, disse, ciado num comunicado da universidade, que “muitos dos dados recolhidos mostram elevado potencial científico”, mas acrescentou que ainda é cedo para avaliar os resultados, “que irão sendo conhecidos ao longo dos próximos meses”.
O responsável fez um balanço positivo da expedição, chamada Coastantar 2024, disse que todos os objectivos foram cumpridos, com recolha de “muitos dados novos e de grande valor científico para os dez projectos a bordo”, e destacou também os desafios de uma missão num veleiro.
“Sendo uma equipa tão diversa e internacional, com actividades no mar e em terra, e com todas as limitações da meteorologia e gelo no mar, esses desafios foram ainda maiores”, disse, defendendo para o futuro missões de mais tempo e concentradas em menos locais.
Os últimos membros da expedição 2024 já estão em Portugal, tendo a equipa sido constituída por 11 cientistas, uma realizadora e quatro tripulantes. A expedição decorreu a bordo do veleiro El Doblón, tendo realizado amostragens no mar e em terra entre a ilha do Rei Jorge e a base norte-americana de Palmer.
A equipa iniciou a missão no dia 1 de Fevereiro na Península Fildes, na ilha do Rei Jorge, com trabalhos em terra. No dia 9 foi recolhida pelo veleiro e iniciou a expedição que se prolongou até dia 23 de Fevereiro. Esta expedição à Antárctida foi organizada pelo Programa Polar Português (Propolar) e pelo Colégio de Ciências Polares e Ambientes Extremos da Universidade de Lisboa. Foi co-financiada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e pela Universidade de Lisboa.
O Programa Polar Português é coordenado pelo Centro de Estudos Geográficos do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa. Em Janeiro, na altura da partida da expedição para a Antárctida, os seus responsáveis afirmaram que os primeiros resultados devem ser conhecidos em Junho.