BE faz-se ao rio contra a “privatização” de Tróia (e o “aprendiz de Bolsonaro”)

Na travessia de Setúbal a Tróia, a coordenadora do BE acusou o Chega de “não ter pejo em lançar suspeitas sobre o sistema democrático” porque se dá “mal” com o mesmo.

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A líder do BE, Mariana Mortágua, e a cabeça de lista por Setúbal, Joana Mortágua, fizeram a travessia de Setúbal a Tróia com militantes da região LUSA/JOÃO RELVAS
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Com a campanha a entrar na segunda semana, o BE regressou a Setúbal, um distrito em que está a apostar, já que é o único onde, além de Lisboa e Porto, conseguiu manter um deputado em 2022. Desta vez, a caravana do partido fez-se ao rio Sado para denunciar que as pessoas da região estão a ser impedidas de aceder à praia de Tróia, seja por causa da subida dos preços dos ferries ou da construção de resorts. E o catamarã setubalense também serviu de cenário para Mariana Mortágua acusar André Ventura de ser um "aprendiz de Bolsonaro" que está a "pôr em causa as eleições".

Enquanto mostrava uma fotografia da península, onde se lia “Queremos a Tróia de volta”, Jaime Pinho, um militante do distrito, ia-se queixando a Mariana Mortágua de que a praia de Tróia foi "erradicada" para se construir uma marina e um resort. Como diria Zeca Afonso, “eles comem tudo...”, lamentou.

A tentar manter o equilíbrio enquanto o barco abanava, Fernando Pinto, também militante do partido, juntou outro "problema": "é que as pessoas estão impedidas de ir para a praia por uma questão de preço”. Ao longo dos anos, o custo das viagens tem aumentado, sendo agora de mais de 90 euros no caso dos passes e de oito euros nas viagens individuais.

E “quando chegam lá é só resorts”, atira Mortágua, que lamenta que uma praia que costumava ser “popular”, agora esteja “reservada a quem tem dinheiro” e a um “mar de cimento”. Para a líder do BE, esta realidade não é fruto do acaso, mas “concertada”, já que “uma parte” dos “resorts” e da “construção” que está a “inundar” Tróia é do grupo Sonae [detentor do PÚBLICO], “que também é dono do ferry”, aponta.

Enquanto se viam, ao longe, uns resorts já instalados e outros em construção, ficava transmitida uma das mensagens eleitorais do BE: "denunciar" o actual "modelo económico" que "vai canibalizando o território” e “privatizando a paisagem" ou "os espaços de utilização dos moradores”, nas palavras de Mortágua.

Mortágua acusa Ventura de seguir Bolsonaro

Embora fora de terra, a actualidade impôs-se à coordenadora do BE, que acabou a ter de justificar uma publicação nas redes sociais de um militante do partido, inscrito nas mesas de voto, que disse que os votos do Chega e da AD seriam anulados. Explicou que se tratou de uma “piada de mau gosto” e que “o BE agiu imediatamente”, contactando o militante para apagar a publicação e pedir a "dispensa das mesas de voto", pedido que já foi aceite.

André Ventura cavalgou este domingo o episódio para defender que está “em curso uma tentativa de desvirtuar o resultado” das eleições. Em resposta, a bloquista acusou-o de ser um “aprendiz de Bolsonaro” que acha "que se podem lançar suspeitas e pôr em causa as eleições”.

Insistindo em colar Ventura a Bolsonaro (que levantou dúvidas sobre a fiabilidade do sistema eleitoral e que o líder do Chega apoiou na corrida às eleições), Mortágua acusou ainda a “extrema-direita” de não ter “pejo em lançar suspeitas sobre o sistema democrático” porque se “dão mal" com o mesmo.

E criticando que a campanha esteja centrada em “polémicas”, defendeu que "Portugal não precisa de aprendizes de Bolsonaro, precisa de debate democrático". A começar por Tróia, onde o BE quer que a travessia fluvial seja incluída no passe navegante.

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