Rui Rocha prometeu ao homem do bolo do caco que voltava — mas não voltou
O sexto dia de campanha de Rocha foi completo: de manhã participou num programa de televisão e visitou a feira de turismo na FIL, em Lisboa. À noite discursou para 130 liberais num comício em Braga.
O sol sobe, Rui Rocha espreguiça-se e levanta-se da cama: mais um dia de campanha — o sexto. A primeira tarefa é ir ao programa da manhã da TVI. Lá, diz que “ter filhos em Portugal é um caminho para a pobreza” e emociona-se com mensagens de entes queridos. Feito.
Segue depois para a FIL, onde visita a Bolsa de Turismo de Lisboa. Aqui o aparato aumenta, pois sabe-se que a PSP destacou pelo menos seis polícias para vigiar a sua entrada, não vá um jovem fazer as mesmas tropelias climáticas que lá fizeram ao líder do PSD. Não acontece e Rocha sai da FIL como entrou: e sem tinta verde.
A vigilância não foi pedida — pelo contrário: Rocha rejeitou a oferta de segurança pessoal que lhe foi oferecida (e aos restantes líderes partidários com assento parlamentar) pelo primeiro-ministro.
O líder dos liberais não tem “medo”, não se sente “condicionado”, nem se deixa “condicionar”, disse aos jornalistas. Mais, acrescenta que “quem não condena de forma directa” estes ataques, “não está a ter a atitude desejável em defesa da democracia e da liberdade”. Rocha parece referir-se ao Presidente da República, que, em comentário sobre o ataque, disse que a luta climática era “boa”, mas que esta forma de actuação já havia perdido “eficácia”.
Estamos na BTL. Rocha salta de banca em banca a provar produtos regionais, fazendo lembrar o Presidente. Na da Madeira, dirige-se a um homem que está a fazer bolo do caco e faz uma piada sobre o bolo lêvedo dos Açores. O homem não capta o humor de Rocha — fica confuso, mas mantém o sorriso.
O timing é o pior: não há bolo do caco para Rocha provar — “só daqui a vinte minutos”, informam-no. O presidente da IL mostra ter pena, mas logo resolve: vai dar uma volta na feira e “depois” volta, promete.
Rocha segue, então, de posto em posto. Copo de vinho do Porto na banca do Douro; copo de vinho verde na do Minho. Bolinho aqui, graçola acolá. Vinte minutos passaram: o homem do bolo do caco está em êxtase por dar a provar da sua arte lêveda ao líder liberal — mas ele não está lá. Uma hora passou — e de Rocha nem sinal.
Talvez esquecido, talvez consciente, o líder dos liberais continuou o seu périplo pela FIL em passo acelerado. Parece procurar uma banca em específico — talvez a de Braga, de onde vem —, mas desiste. Declarações aos jornalistas; fim da acção de campanha.
À noite, discursou num comício em Braga — o primeiro da campanha, onde 130 liberais se reuniram para comer vitela assada e ouvi-lo discursar sobre juventude, saúde e educação. Na mesa havia broa — já bolo do caco, não.