Pasolini e o quadro de Velázquez de onde é (quase) impossível escapar

Pasolini escreveu um Calderón situado na ditadura franquista e em que As Meninas de Velázquez são moldura para observar o poder. Sexta e sábado no São Luiz, com encenação de Fabio Condemi.

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Calderón, encenado por Fabio Condemi, está esta sexta e sábado no São Luiz Teatro Municipal, em Lisboa Luca Del Pia
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Fascinado, como tantos outros, pelo quadro que Velázquez pintou em 1656, o filósofo francês Michel Foucault havia de questionar se diante de As Meninas vemos ou somos vistos. Porque frente à enigmática pintura do artista espanhol, nada é muito evidente: Velázquez está no seu estúdio, parece olhar o espectador, mas um espelho ao fundo da sala reflecte a imagem do rei Filipe IV e da rainha Mariana, pelo que o pintor pode estar, talvez, a retratar o casal soberano e o espectador se encontrar, no fundo, no lugar que ocupariam o rei e a rainha, partilhando a mesma perspectiva da sala. Daí a pergunta de Foucault: vemos ou somos vistos, somos nós que observamos aquelas figuras ou elas que nos descodificam a nós?

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