As lesões obrigaram João Sousa a anunciar o fim da carreira
O melhor tenista português vai dar por encerrada uma carreira profissional de 17 anos.
Será a dar tudo o que tem e a procurar a vitória, como, aliás, tem sido a sua imagem de marca ao longo de 17 anos, que João Sousa vai encerrar a carreira profissional, na primeira semana de Abril, no Millennium Estoril Open. O tenista de Guimarães escolheu para despedida o torneio onde viveu o momento mais marcante da sua vida, quando conquistou o título em 2018 e se tornou no único (até à data) campeão luso do torneio português do ATP Tour.
Mas o legado que Sousa deixa vai para além desse triunfo e foram muitos os recordes que estabeleceu para o ténis nacional. Além do título no Estoril, o tenista português venceu mais três torneios da categoria ATP 250: Kuala Lumpur (2013), Valência (2015) e Pune (2022). Competiu nos quatro maiores torneios de ténis e defrontou os maiores nomes da sua geração: Novak Djokovic, Rafael Nadal, Roger Federer e Andy Murray. Esteve noutras oito finais no circuito ATP, foi oitavo-finalista no US Open e em Wimbledon e atingiu o 28.º lugar no ranking de singulares, a 16 de Maio de 2016.
Em pares, também figurou no top 30 – 26.º do ranking, em Maio de 2019 –, foi semifinalista no Open da Austrália, em 2019, três vezes quarto-finalista no US Open (2015, 2019 e 2022) e finalista no ATP 1000 de Roma, em 2018.
Em representação de Portugal, participou em 34 eliminatórias da Taça Davis, entre 2008 e 2024, e em dois Jogos Olímpicos (2016 e 2020). Números que fazem de João Sousa o melhor tenista português de sempre.
“Sinto um orgulho enorme naquilo que alcancei e no legado que deixo. Tive o privilégio de representar Portugal nos mais prestigiados torneios do mundo e gostaria de acreditar que contribuí para o desenvolvimento do ténis no nosso país. Fico feliz por saber que houve pessoas a quem servi de inspiração para elas poderem perseguir o seu sonho e por ver os mais jovens acreditarem em algo que há anos era impensável”, frisou Sousa, na conferência de imprensa desta terça-feira, marcada pela emoção.
"Como sabem, infelizmente os últimos tempos têm sido difíceis, com muitas lesões que me impedem de jogar ténis ao mais alto nível. Tenho lutado contra isso, mas o meu corpo e mente têm demonstrado sinais extremos de muito cansaço e dores diárias. Após um período de muita reflexão, decidi retirar-me do ténis profissional e o Millennium Estoril Open vai ser o último torneio da minha carreira. É um torneio que conquistei em 2018 e é muito especial para mim, assume-se como cenário ideal para me despedir do ténis. Quero fazê-lo juntamente com a minha família, amigos, patrocinadores, e também com o meu público, que sempre esteve comigo”, explicou Sousa.
Embora ainda não saiba se vai competir nas próximas semanas, João Sousa marcou o definitivo adeus para o torneio que decorrerá no Clube de Ténis do Estoril, a partir de 30 de Março. “É o cenário ideal para me retirar. Tenho sempre a ambição de vencer todos os encontros, independentemente do adversário. Não vou lá só para me despedir, o momento é muito emotivo para mim, no entanto tenho de me preparar para estar fisicamente bem e vou dar tudo por tudo como sempre fiz, como foi sempre a minha marca e a minha essência”, adiantou o tenista português.
Durante a conferência, foi exibido um vídeo com diversos depoimentos, de jogadores de diversas gerações, treinadores – como o actual, Frederico Marques, ou o ex-número um mundial e agora treinador de Carlos Alcaraz Juan Carlos Ferrero – e familiares, a elogiarem a personalidade e a carreira de João Sousa.
Quanto ao futuro, o vimaranense só tem a certeza de se manter ligado à modalidade, dentro ou fora do campo. “Embora encerre aqui esta fase da minha vida, o meu compromisso com o ténis permanece inabalável. Mantenho o desejo de continuar a tentar fazer crescer o ténis em Portugal. Os próximos tempos serão dedicados a pensar no meu futuro e nos meus próximos desafios, aos quais darei toda a minha dedicação, entusiasmo, resiliência e, acima de tudo, espírito de conquista, tal como fiz ao longo da minha carreira”, assegurou Sousa, “ansioso por continuar a fazer a diferença, seja dentro do campo ou fora dele”.